Há 20 anos, quando nasceu, a Amazon tinha uma grande ambição: ser ?a loja de tudo?, o ponto de venda que reuniria todas as categorias de produtos possíveis e imagináveis. Com o foco em oferecer os preços mais baixos possíveis e apostando na máxima de que ?a sua margem de lucro é minha oportunidade? (uma das frases de efeito favoritas do CEO Jeff Bezos), a empresa cresceu ao longo das últimas décadas para uma série de categorias, de CDs a alimentos, procurando, incessantemente, novas oportunidades de crescimento.
A divulgação dos números do terceiro trimestre de 2014 mostra que a empresa foi muito além de sua ambição. Somente nos últimos meses, a companhia lançou os seguintes produtos:
– Kindle Voyage: nova geração de seu leitor de e-books Kindle;
– Fire HD: seu tablet de US$ 99, com câmeras e tela de alta definição, disponível em 5 cores e 2 tamanhos;
– Fire HD Kids Edition: versão do tablet Fire para crianças, com embalagem mais resistente e conteúdo voltado aos pequenos;
– Fire HDX 8.9: mais um tablet, este de 8,9 polegadas;
– três jogos produzidos pela Amazon Game Studios;
– 10 episódios da série de tevê Transparent nos EUA, Reino Unido e Alemanha;
– 10 episódios da segunda temporada da série Alpha House, disponíveis somente no serviço de streaming Prime Instant Video;
– projetos-piloto de cinco séries infantis;
– lançamento do serviço KDP Kids, para autopublicação de livros infantis;
– recebimento, com 30 minutos de antecedência, das ofertas-relãmpago da Amazon para membros do programa de fidelidade Prime;
– expansão do serviço de entrega de alimentos AmazonFresh para o Brooklyn, na região de Nova York;
– lançamento do Local Register, aplicativo mobile e leitor de cartão de crédito para transações via celular por pequenas empresas e empreendedores individuais;
– abertura da loja 3D Printed Products, marketplace que oferece produtos impressos sob demanda em 3 dimensões;
– Purdue Student Store, parceria da Amazon com a Universidade Purdue para que os alunos comprem livros universitários sob demanda;
– AWS Directory Service, serviço da Amazon Web Services que integra a plataforma online AWS a sistemas de controle de acesso e segurança das empresas.
Se em 1994 a Amazon era uma loja on-line de livros, hoje é uma gigantesca plataforma de negócios que envolve texto, áudio, vídeo e serviços dos mais variados tipos com foco em manter o cliente em contato pelo máximo de tempo possível. Hoje a Amazon está muito mais próxima do Google do que da Barnes & Noble, e seu objetivo é fazer com que os clientes comprem tudo o que precisam em seu ambiente.
No filme ?Wall-E?, havia apenas uma empresa no planeta Terra, a Buy ?n? Large, que fabricava e comercializava todo tipo de produto. A marca onipresente. A Amazon caminha, a passos largos, para ser a Buy ?n? Large da vida real.
Observando o comportamento de Jeff Bezos e do valor das ações da companhia, a paciência do mercado financeiro pode estar sendo testada demais. A varejista perdeu US$ 437 milhões entre julho e setembro, mas suas vendas avançaram 20%, para US$ 20,6 bilhões (sem considerar seu marketplace, que é no mínimo duas vezes maior que a Amazon sozinha) e as ações estão cotadas a cerca de US$ 300, contra US$ 360 um ano atrás e quase US$ 410 da máxima histórica do final de janeiro.
Em algum momento, Bezos precisará tirar o pé do acelerador para que a empresa seja lucrativa. Resta saber se isso acontecerá antes que ele avance para todos os mercados que sua mente fértil enxergue.
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