Mesmo tendo registrado queda nas últimas semanas, o dólar segue em um nível elevado, entre R$ 3,80 e R$ 4. Mas como isso afeta a vida do brasileiro? Recentemente, mais um aumento da gasolina foi anunciado. Assim, engana-se quem pensa que a alta da moeda americana apenas serve para derrubar a bolsa de valores e as grandes empresas, além de atrapalhar as tão sonhadas férias na Disney.
A alta do dólar, infelizmente, afeta a todos. Ela impacta diretamente na inflação e, consequentemente, provoca o aumento no preço dos produtos, sobretudo os importados e os que têm insumos comprados no exterior. Para ajudar a lidar melhor com o assunto, entrevistamos a educadora financeira Dora Ramos, diretora da Fharos Contabilidade & Gestão.
Consumidor Moderno – Como o dólar afeta o bolso dos consumidores?
Dora Ramos – A alta afeta diretamente os consumidores brasileiros, principalmente os que não vão sair do país. O dólar caro provoca aumento, sobretudo, no preço dos produtos importados e os que têm insumos comprados no exterior. Os exemplos são os mais variados e vão desde carros e roupas até pães e biscoitos, já que grande parte da farinha de trigo usada por aqui vem da Argentina e dos Estados Unidos. Além do trigo, outras matérias-primas são importadas, como a do gás e da gasolina, que também podem ficar mais caros por isso. Alguns produtos que são feitos aqui no Brasil também têm o seu preço atrelado ao dólar. É o caso da soja, da carne, do café, do açúcar e do milho, que, quando o dólar está mais caro, trazem mais vantagens ao produtor que exporta. Ou seja: se mantiver o produto para ser vendido aqui dentro, ele vai cobrar mais por isso e quem sente é o consumidor.
CM – Quem sente mais os efeitos do dólar?
DR – Todos os cidadãos. Especialmente, os mais pobres, é claro!
CM – Poderia listar algumas dicas para minimizar esse efeito?
DR – A primeira delas é planejar, botar tudo na ponta do lápis. Assim, é possível saber quanto, exatamente, vai ser acrescido aos gastos com determinados produtos essenciais. Outra dica importante é dedicar um tempo para fazer pesquisas nos possíveis locais de compras e buscar alternativas mais econômicas, além de optar por outras marcas, menos familiares, mas que ofereçam preços mais amigáveis. Em relação aos serviços ?supérfluos?, como a TV por assinatura e o celular pós-pago, talvez seja o caso de pensar em outras possibilidades, como a troca por um pacote menos completo, troca de operadora ou optar por uma conta pré-paga.
CM – Dá para economizar, mesmo assim? Como?
O consumidor precisa achar alternativas para equilibrar o orçamento que conta com o mesmo salário, mas com os preços de produtos e serviços mais elevados. É o caso dos produtos básicos, como o pãozinho e a gasolina, mas também de roupas produtos de beleza importados. É bom a população começar a repensar seus hábitos de consumo.