Os empregos formais, com estabilidade profissional e plano de carreira, não são mais sonho de consumo de todos os profissionais nos dias de hoje. O trabalho como freelancer e projetos em crowdsourcing, além de serem resultados de uma nova economia, com a terceirização de serviços (principalmente com a recente aprovação do PL pela Câmara dos Deputados), poderão determinar a sobrevivência econômica de alguns setores em momentos de crise.
De acordo com Gabriel Matias*, 28 anos, que começou a empreender aos 18 anos com uma agência e produtora digital, a flexibilização no trabalho é uma tendência mundial entre os que desejam mais qualidade de vida. Para Gabriel, o mercado da comunicação e do marketing, por exemplo, é um case interessante a respeito desse assunto. Entretanto, apesar de serem áreas que costumam desenvolver jobs pontuais e que podem se beneficiar da contratação de profissionais para esses trabalhos de acordo com experiência, disponibilidade e valores, nem todos enxergam assim.
“Essas indústrias precisam se reinventar, pois, se por um lado as agências e os veículos vivem uma crise de identidade, por outro os clientes não se sentem plenamente atendidos em suas necessidades. Mas o que se vê é a velocidade das mudanças cada vez mais acelerada e as empresas ainda contratando, prestando serviços e gerindo mão de obra como se fazia em 1950”, comenta Matias.
É fato que as corporações do setor têm passado por um momento difícil. Além dos sobressaltos econômicos do País, Matias aponta para o fato das empresas sofrerem pressão extrema por parte dos clientes para reduzirem seus custos e aumentarem a agilidade e qualidade na entrega dos seus trabalhos. “Nesse ponto há duas grandes dificuldades: manter uma equipe ?xa com altos custos para atender a demandas variáveis em um cenário com cada vez mais especializações e motivar os profissionais internos das novas gerações, diminuindo o turnover”.
Segundo Matias, em um mercado que cada vez mais atua por projetos, há grande perda de oportunidades nos picos de trabalho, por falta de uma equipe grande e multidisciplinar, ou ociosidade nos períodos de menor demanda e times inchados, o que gera um custo fixo alto. “Ao mesmo tempo em que os empresários estão insatisfeitos com esse modelo tradicional engessado, muitos profissionais também não estão felizes e motivados”, diz.
“O maior objetivo da plataforma Crowd é libertar o trabalho das amarras do emprego fixo, potencializando inteligências”
Para Matias, a saída encontrada foi justamente desenvolver uma alternativa ao modelo tradicional de trabalho. Foi então que nasceu a Agência Crowd, em 2013. “Acreditando em um formato que expande os limites profissionais para muito além de restrições trabalhistas, geográficas ou temáticas, ela realiza 100% dos projetos para os quais é contratada por meio do CROWDSOURCING”, conta Matias.
Para isso, foi montada uma rede própria de colaboradores que trabalham sob a coordenação dos Líderes de Projeto / Atendimentos que ficam na sede da agência, em São Paulo, e fazem parte do seu enxuto time. Segundo Matias, a maioria das plataformas de freelancers disponíveis no mercado não é realmente focada nas necessidades das empresas contratantes nem prima pelo trabalho com profissionalismo e formalidade.
Depois de três anos com um sistema até então exclusivo e que trouxe excelentes resultados para a Agência, no final de 2016, Matias conta que a Crowd passou a disponibilizar sua plataforma para outras empresas de comunicação e marketing. “Além de conectar contratantes a prestadores de serviço, o sistema intermedeia as contratações, cuida das questões burocrática, jurídica e financeira e fornece uma ferramenta de gestão de mão de obra terceirizada”, explica.
Números impressionam
Matias revela que em três meses no ar, mais de 150 empresas e 5 mil profissionais, como designers, programadores, redatores, fotógrafos, jornalistas, tradutores, produtores de vídeo e social media, já trabalham pela Crowd. “As metas são chegar ao final do ano com 1.200 empresas assinantes e 20 mil freelancers; a 2018 com 3 mil clientes e 80 mil profissionais, iniciando sua expansão internacional”, diz.
Uma das medidas tomadas para evitar que haja um leilão entre os prestadores de serviço a fim de conquistar o cliente apenas pelo preço, as empresas que contratam por meio da Crowd só podem selecionar até dez profissionais para solicitar orçamentos privados. “Afinal, uma das batalhas da Crowd é para que o trabalho seja sério e bem-feito e, em contrapartida, bem pago”, pontua Matias.
Com a proximidade da terceirização trabalhista no País, a Crowd mostra um bom exemplo de que empreendedorismo e novos modelos empregatícios, baseados em colaboração e especialização terão campo fértil para sua evolução no País. “O maior objetivo da plataforma Crowd é libertar o trabalho das amarras do emprego fixo, potencializando inteligências”, conclui Matias
(*) Gabriel Matias, 28 anos, começou a empreender aos 18 anos com uma agência e produtora digital. Trabalhou como Head de Marketing Digital da Amil e fundou a Crowd em 2013. Com MBA de Gestão e Marketing Digital na ESPM e curso de Inovação e Empreendedorismo na Duke University, participou dos livros “O Vendedor do Futuro” e “101 empreendedores relevantes de Alphaville e região”.