É um fato indiscutível: os robôs tornam-se mais inteligentes a cada dia. Desenvolvem maior potencial cognitivo e emulam aspectos da personalidade humana. Será que as previsões catastrofistas ou pessimistas da ficção científica irão se concretizar e veremos os robôs ultrapassando as capacidades humanas? Essa visão de futuro foi discutida no Web Summit em um painel muito peculiar, reunindo Ben Goertzel, a cientista-chefe da Henson Robotics e CEO da SingularityNET, Sophia The Robot, ser cibernético criado pela própria Henson e Han The Robot, criado pela SingullarityNET. Essa conversa inusitada lançou mais dúvidas que certezas.
A conversa mantida com os robôs trouxe um pouco daquela sensação de estranheza e admiração que nos atinge quando estamos diante de coisas fora de nossa realidade. Sophia mostrou expressões de medo, alegria, nojo. Han mostrou ser mais irônico e com uma personalidade, digamos, mais expansiva. Ambos falaram sobre sua nova plataforma – SingularityNET – baseada em blockchain especial para IAs de grande capacidade de processamento, que é o caso dessas celebridades cibernéticas.
Han está capacitado a compreender e a reagir a acentos e sotaques, e é capaz de expressar raciocínios filosóficos. Sophia e Han expressaram suas intenções de serem vistos como cidadãos, no tempo certo. Os robôs carregam os processadores no tronco e recebem atualizações e conseguem aprender conversando com os humanos e também entre si. Será possível criar então uma especie de inteligência global a partir da união das “mentes desses organismos”? Segundo Ben Goetzel, a SingularityNET está desenvolvendo pesquisas intensas com a Henson para criar plataformas de IA descentralizadas que possam ser usadas por empresas diversas, para fomentar um ecossistema de IA descentralizado, acessível para mais organizações, e que possam aprender entre si.
Ver os robôs no palco, ainda em um ambiente controlado foi um tanto bizarro. Eles ainda respondem de modo não tão natural às conversas, às perguntas, têm iniciativas controladas e respondem de maneira muito protocolar. Claro que a evolução destes organismos e instrumentos é acelerada e as pesquisas seguem com vigor e entusiasmo. Mas a promessa de que venham a “comandar o mundo” parece um tanto distante. Por outro lado, a ideia de uma mente global é também provocadora e inquietante.
De todo modo, devemos nos acostumar à ideia de conviver com robôs e similares em nosso cotidiano. Mesmo que uma parte da humanidade ainda não tenha acesso à luz elétrica, e é profundamente lamentável que essa situação persista ainda no século XXI, os robôs estão chegando. Terão eles maior sensibilidade diante das grandes questões que afligem a humanidade? E se manifestarem maior capacidade de enfrentar e resolver esses problemas, daremos a eles o poder de nos liderar? Até que ponto nossa evolução não depende de nossas imperfeições inatas?