A world wide web é a conexão em rede mais conhecida no mundo, mas não é a única. Há um conjunto de outras “internets” independentes dentro da chamada dark ou deep web. É o caso, por exemplo, do Tor. Mas por trás desse mundo virtual, no qual sites afirmam vender armas, drogas e senhas bancárias, há um lado pouco conhecido, com valiosas informações sobre o comportamento humano.
Para entender o que se passa nesses espaços, surgiu o que alguns especialistas já definem como dark analytics. Fundador da empresa de inteligência artificial Deepkapha.ai e colunista da Forbes, o holandês Tarry Singh defende que a humanidade tente entender o que acontece nesses ambientes. Um dos convidados do Fórum de Inteligência de Mercado organizado pela Live University, em São Paulo, ele falou à revista Consumidor Moderno sobre o assunto:
Consumidor Moderno – Afinal, o que realmente acontece na deep web?
Tarry Singh – O fato é que não sabemos ao certo o que existe na deep web. Sabemos apenas que existem transações ilegais, tais como a venda de armas, drogas, pornografias e muitas outras coisas ruins. Por outro lado, penso que é um lugar muito interessante para a realização de diversas pesquisas. Há muito conhecimento que deveria ser analisado por meio da inteligência artificial e que pode nos ajudar a resolver diversos problemas. Tem mais: o crescimento exponencial da IA pode ocorrer a partir da compreensão da deep web.
CM – E qual é o nosso grau de conhecimento sobre a deep web?
TS – Hoje usamos uma pequena fração do verdadeiro potencial da internet. Usamos apenas a internet superficial, mas há outras redes ainda não exploradas. Na deep web, sabemos que elas têm sido monitoradas pelas forças policiais por conta da incidência de alguns crimes. Mas há outras informações para outros campos do conhecimento. Há muito dado que pode ajudar em alguns negócios. É preciso investigar e analisar a dark web.
CM – Infelizmente, há muitas histórias ruins sobre a deep web e que alimentam o medo em torno dessas redes. Como mudar isso?
TS – É preciso mudar o comportamento ruim que infelizmente existe na deep web. Mas eu não quero adotar um discurso pacifista tal qual fazia Mahatma Gandhi. Informações, sejam elas de qual tipo forem, não devem ser reguladas. A primeira coisa que devemos fazer é compreender o que é a deep web. Feito isso, precisamos construir algoritmos que ajudem a identificar o que acontece lá e quem são as pessoas que usam esses espaços. É preciso entender o que está acontecendo nesse novo mundo e, para isso, é hora de usarmos a inteligência artificial.