Já ouviu a expressão “greenwashing”? O termo em inglês faz parte do cotidiano da indústria, produção de bens de consumo e dos ambientalistas.
Em português ele significa algo como lavagem verde. Não à toa o termo traduz a prática empregada por empresas, organizações e governos que promove, com o apoio de suas áreas de marketing e relações públicas, iniciativas enganosas de sustentabilidade e responsabilidade ecológica.
O termo washing, no Brasil também é livremente traduzido por “maquiagem”, já que é uma tática que encobre e disfarça. O greenwashing é uma estratégia que serve tanto para vender falsa sustentabilidade ao consumidor como para esconder ações que, na realidade, agridem o meio ambiente.
Dados da pesquisa acadêmica do ecólogo Erico Pagotto, “Greenwashing: os conflitos éticos da propaganda ambiental”, mostram que o greenwashing pode ser aplicado, ainda, por meio de discursos manipulados, com exageros, afirmações irrelevantes, genéricas e venda.
Um outro ponto positivo são estudos da certificadora Ecolabel Index, que mostram um crescimento, entre 2010 e 2018, de 170% de certificações ambientais no Brasil. Isso significa cerca de 41 novas certificações ambientais.
Segundo o ativista ambiental norte americano Jay Westerveld, o termo, que foi publicado em um ensaio, surgiu por conta de um hotel que visitou em Samoa. Nos quartos havia um cartão com a mensagem pedindo para que os hóspedes “salvassem o planeta” utilizando a mesma toalha durante toda a estadia.
Dessa forma, evitariam o desperdício da água utilizada pela lavanderia. Westerveld apontou a ironia de “!salvar toalhas” como um exemplo de como o discurso ambiental pode ser distorcido para beneficiar apenas a empresa em questão.
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Para que serve?
A equação é simples: a sustentabilidade atrai consumidores que preferem empresas que se preocupam com o meio ambiente. Com o greenwashing, a empresa ganha duas vezes: ao atrair mais clientes mesmo utilizando práticas e recursos mais baratos, que prejudicam o planeta.
Diversas grandes multinacionais já foram acusadas de fazer greenwashing. Em 2008, a Nestlé canadense divulgou um anúncio que dizia “Água em garrafa é o produto mais ambientalmente responsável do mundo” e foi denunciada por vários grupos ambientalistas.
No Brasil, montadoras foram advertidas pelo Conar (Conselho de Autorregulamentação Publicitária) por prática de greenwashing, após denúncias por lançamentos de acessórios sustentáveis para carro anunciados como itens de alta durabilidade e baixo consumo de combustível.
Os efeitos colaterais de uma política como essa são a confusão do consumidor e a diminuição ou perda da credibilidade em relação a produtos de fatos sustentáveis e ambientalmente responsáveis.