O big data um dia foi visto como o instrumento que transformaria o futuro. Esse tempo chegou: hoje, os dados são o insumo mais valioso que uma empresa pode possuir, afinal, grande parte das organizações orienta seus negócios de acordo com as informações coletadas dos clientes.
Com isso, outro grande tema entrou em discussão: a privacidade. A ideia de ter detalhes da própria vida investigado pelas organizações não satisfaz alguns consumidores. Tal situação abriu espaço para a aprovação de textos como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (ou GDPR, do inglês General Data Protection Regulation), que entrou em vigor em maio de 2018 na Europa. Aqui no Brasil, a regulação acontecerá por meio da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que passará a ser aplicada em agosto de 2020.
“Privacidade deixou de ser diferencial e está na consciência dos consumidores”, afirma Alan Gomes, CTO da In Loco. Esse contexto exigirá de muitas empresas um enorme esforço de organização dos dados e adaptação, afinal, a gestão de dados, por mais que seja um desafio, ainda não é um tema dominado por todas as organizações. Algumas poucas, porém, saem na frente nesse processo. Um exemplo claro é a In Loco, empresa de tecnologia que fornece inteligência a partir de dados de localização e, mesmo assim, tem a privacidade como um princípio desde a sua fundação.
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Serviços de localização transformam a experiência da loja física
Como conta o CTO, a companhia, que hoje conta com aproximadamente 200 pessoas distribuídos entre Recife, São Paulo e Rio de Janeiro, não abre mão desse valor. “Esse contexto vem ficando cada vez mais delicado, pois em breve teremos, dentro de casa, diversos objetos conectados”, diz. De fato, de acordo com uma projeção da Cisco, 12,3 bilhões de dispositivos móveis devem estar conectados até 2022 e esse aumento estará associado aos módulos Machine to Machine (M2M).
O que há de mais valioso, então, é a forma como a empresa se relaciona com as informações. Ao invés de captar dados identificáveis como CPF, e-mail, número de celular de cada consumidor, a In Loco optou por entender o contexto dos consumidores através de dados de localização no mundo físico. Ou seja, a empresa entende comportamento de visita e agrupa de forma não identificável e, a partir, desse entendimento consegue entregar mensagens nos locais e momentos certos.
Além disso, Gomes explica que, a partir do contexto daquele cliente, é possível acessar o ativar os consumidores via smartphone. O contexto, inclusive, é o que o CTO considera de mais essencial nesse processo. Ou seja, se o cliente estiver próximo de um restaurante, no horário do jantar, a In Loco conseguirá enviar a ele uma comunicação direcionada, por exemplo. “A localização é essencial para entender a jornada das pessoas e oferecer descontos, benefícios e informações relevantes, sem invasão da privacidade”, afirma.
Gomes afirma, então, que a In Loco busca romper com o sistema que se baseia na obtenção de dados pessoais e sensíveis, em respeito à privacidade – um valor que acompanha o CTO inclusive na vida pessoal. Prova disso é que a tecnologia da empresa não alcança determinados locais, como templos religiosos, hospitais, organizações de caráter político, entre outros. Além de não identificar dados sensíveis de localização que possam indicar orientação sexual, etnia e religião.