O estilo de vida acelerado dos Millennials e um mundo cada vez mais conectado abriram portas a uma nova forma de se viver e trabalhar: o nomadismo digital.
“Beduínos” da nova era
Nômades digitais são pessoas que não possuem moradia fixa, e passam a vida viajando pelo mundo ao mesmo tempo em que trabalham de forma remota.
São profissionais que levam ao pé da letra o ditado “home is where the Wi-Fi is”, ou “o lar é onde a Wi-Fi está”.
Uma estatística de 2019, divulgada pela FlexJobs, mostrou que, entre os anos de 2005 e 2017, houve um aumento de 159% no número de trabalhadores remotos nos Estados Unidos. Hoje, 4,7 milhões, ou 3,4% da população americana, trabalha fora de ambientes profissionais fixos.
Um mês em Budapeste, outro em Seul
Com a crescente abertura das empresas ao home office e aos trabalhos freelancer, profissionais itinerantes e independentes do mundo todo têm trabalhado em locais públicos, com redes de Internet compartilhadas, como cafeterias, bibliotecas, espaços de coworking, hotéis e hostels.
Mas os nômades digitais, por excelência, são mais do que profissionais remotos: eles têm uma enorme paixão por viagens, e passam períodos de tempo limitados em cada lugar, carregando suas vidas em uma mochila nas costas.
Estilo de vida independente e conectado
Segundo a Investopedia, os nômades digitais tendem a ser trabalhadores jovens, que são encontrados nos múltiplos setores da economia do conhecimento: marketing, design, TI, redação, tradução, mídia, tutoria, consultoria, entre outros.
Podem ser tanto funcionários em contratos formais quanto freelancers ou terceirizados, com múltiplos clientes para que tenham renda necessária para sobreviver.
Poornima Gupta, professora de comportamento organizacional, comentou ao portal Entrepreneur que nômades digitais são uma “crescente classe de empreendedores, que incorporam o sucesso e a liberdade que um estilo de vida conectado pode proporcionar.”
Razões da popularidade
Um dos muitos fatores que contribuiu para a criação deste novo lifestyle foi a baixa dos preços das passagens após a globalização: há décadas, viajar de avião era um privilégio para as classes sociais mais altas. Hoje, sites de busca e comparação de preços de passagens abrem portas para que pessoas de múltiplas economias possam se aventurar pelas pontes aéreas.
O estabelecimento da União Europeia, do Mercosul e de outros tratados internacionais, na década de 90, também facilitou o transporte e deslocamento entre países, e é um dos grandes motores do nomadismo digital.
Outro fator relevante foi o surgimento e a ascensão de profissões que não dependem de alocação física para se trabalhar, como design, programação, marketing ou criação de conteúdo, para citar alguns exemplos.
A Internet 4G também abriu maiores possibilidades de trabalho remoto, e a chegada da 5G aponta para um crescimento ainda maior neste jeito de viver.
Banco de dados para nômades
Nomad List é um site que classifica cidades no mundo todo de acordo com o “escore nômade”, um índice baseado nas facilidades para este perfil profissional.
Aspectos como custo de vida, velocidade de Internet e Wi-Fi grátis, opções de entretenimento, segurança, disponibilidade de startups, nível de inglês e tolerância racial e de discurso, por exemplo, são levados em conta para o cálculo.
Neste mês, a Cidade do México figura como a melhor cidade do mundo para nômades digitais, com 4.83 pontos de um total de cinco. De acordo com os relatos publicados na plataforma, o baixo custo de vida, boa conexão de Internet, entretenimento e ótima recepção a estrangeiros faz desta cidade o destino certo para se explorar e trabalhar ao mesmo tempo.
São Paulo aparece em 29º lugar na lista, e é a única cidade brasileira a figurar no top 50. A capital paulistana tem um escore nômade de 4.12 e, assim como a Cidade do México, é vista como um local de excelente vida noturna, bons recursos de Internet e amigável com estrangeiros – mas peca na qualidade e segurança de tráfego, qualidade do ar e gratuidade de Wi-Fi.
Outras cidades populares na plataforma são Buenos Aires, Bangkok, Medellín, Budapeste e Lisboa.
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