No começo da década de 80, a futurista Faith Popcorn criou o termo “encasulamento” (“cocooning”) para explicar a tendência do isolamento em das pessoas nas grandes cidades. Segundo a futurista, a criação de uma “zona de segurança” em casa contra os perigos da vida cotidiana, se aproveitando de todas as amenidades do mundo moderno, como TV a cabo, comidas prontas e facilidade de conexão virtual entre as pessoas, seria uma tendência para os próximos anos.
A tendência do “encasulamento” prevista por Faith foi acelerada nas últimas semanas, com a imposição do distanciamento social para reduzir a proliferação do novo coronavírus. Assim como previsto pela futurista, a quarentena provocada pela pandemia está afetando como consumimos conteúdo.
De acordo com dados da Nielsen, o isolamento em casa pode levar a um aumento de quase 60% na quantidade de conteúdo audiovisual consumido. Esse comportamento durante a pandemia é previsível. Segundo o relatório da Nielsen, qualquer evento de crise aguda em que as pessoas demandam mais notícias e ficam imobilizadas em casa, como furacões ou terremotos, tem como resultado um aumento considerável do consumo de mídia.
Streaming mais leve
À medida que empresas, escolas e universidades fecham, e milhões estudam e trabalham em casa, a transmissão ao vivo de aulas e videoconferências aumenta exponencialmente, sobrecarregando as conexões de internet. Por isso, as principais plataformas de streaming de vídeo do mundo, como Netflix e Amazon Prime, optaram por reduzir a qualidade de suas transmissões e, assim, diminuir a sobrecarga sobre as conexões de internet.
Netflix, Amazon Prime e YouTube reduziram a qualidade de seus vídeos de 4K ou Full HD para “standard” em toda a Europa, em uma tentativa de evitar que servidores fiquem sobrecarregados. Aqui no Brasil, o Globo Play, plataforma de streaming da Globo, também anunciou a redução da qualidade de transmissão de seus vídeos.
Na Europa, a medida foi tomada após a União Europeia solicitar que as conexões fossem aliviadas para evitar o colapso das redes domésticas, que passaram a realizar videoconferências por conta da priorização do home office. De acordo com a Netflix, a medida reduz em 25% o consumo de dados na plataforma. O streaming de alta definição pode usar três vezes mais dados por hora que a definição padrão.
A preocupação da União Europeia sobre o tema é bem relevante para o momento em que as pessoas estão usando suas redes domésticas como ferramenta de trabalho. Segundo a BBC, desde que as primeiras medidas de confinamento doméstico começaram a ser implantadas pela Europa, as operadoras de internet detectaram um aumento de 30% no consumo de dados.
De acordo com um relatório de 2019 da empresa americana de equipamentos de rede Sandvine, o streaming de vídeo representa mais de 60% do consumo de dados online. Os principais “bicho-papões” dos dados são Netflix e YouTube. As duas plataformas somam cerca de 25% de todo o tráfego de streaming de vídeo online no mundo, de acordo com o relatório.
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