A flexibilização da quarentena e a retomada da atividade econômica ainda não reverteram a queda da economia, mas começam a dar sinais de melhora. O consumo em restaurantes, por exemplo, seguiu em retração em junho, mas em ritmo menor do que nos meses anteriores.
No mês passado, o consumo no segmento registrou queda de 33,4% no valor total gasto, acompanhada por uma redução de 53,4% no volume de transações realizadas com vale refeição (na comparação com as médias em junho de 2019). Nos meses anteriores, as quedas foram de 49,6% (abril) e 39,1% (maio). Além disso, o número de estabelecimentos comerciais que efetivaram transações em junho de 2020 foi 14,5% inferior ao registrado em igual mês do ano passado.
Os dados fazem parte de levantamento feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em parceria com a Alelo, bandeira especializada em benefícios. Eles levam em conta os Índices de Consumo em Supermercados (ICS) e dos Índices de Consumo em Restaurantes (ICR). Tem como base as transações diárias realizadas, em junho de 2020, a partir da utilização dos cartões Alelo Alimentação e Alelo Refeição, em todo o território nacional.
“Na comparação com os meses anteriores, é possível verificar que os impactos têm sido amenizados, refletindo a flexibilização parcial da quarentena vigente em boa parte dos capitais e grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro”, destaca o CEO da Alelo, Cesário Nakamura.
MENOS IDAS AO SUPERMERCADO, GASTOS MAIORES
O levantamento mostra que o consumo em supermercados encerrou o período com aumento de 5,0% no valor total gasto (em relação a junho de 2019), enquanto o número de estabelecimentos que realizaram transações utilizando como meio de pagamento o benefício alimentação permaneceram praticamente estáveis (+0,1%). Por outro lado, houve uma queda de 17,8% no volume de transações em supermercados em igual base de comparação.
De acordo com a Fipe, a exemplo dos meses anteriores, o resultado de junho pode ser reflexo da concentração das compras semanais em um menor número de viagens aos supermercados. Ao mesmo tempo, a relação gasto maior em supermercado e queda nos restaurantes pode estar relacionado ao aumento do número de refeições preparadas em domicílio.
IMPACTOS DO CONSUMO POR REGIÃO
A análise dos resultados pela ótica regional revela que os efeitos da pandemia se distribuíram de forma heterogênea sobre os estados. Isso seria reflexo da descentralização e descompasso na coordenação dos processos de fechamento e abertura das economias locais, bem como a interiorização da pandemia.
Adotando como parâmetro o valor gasto em restaurantes, é possível evidenciar que as regiões mais impactas negativamente em junho de 2020 foram a Nordeste (-41,9%) e Norte (-38,8%), contrastando com os menores impactos observados nas regiões Sul (-28,9%) e Centro-Oeste (-29,4%). Já na região Sudeste, houve um recuo de 33,6% em relação a junho de 2019.
Individualmente, os estados que registraram os maiores impactos negativos no valor gasto em restaurantes em junho foram: Piauí (-63,2%), Maranhão (-61,9%), Amapá (-60,3%), Roraima (-53,7%) e Alagoas (-48,6%). As menores contrações foram no Mato Grosso do Sul (-9,4%), Santa Catarina (-20,9%), Goiás (-28,3%), Rio Grande do Sul (-29,9%) e Distrito Federal (-30,6%).
Com relação ao comportamento do consumo nos estados mais populosos e economicamente mais representativos do país, as variações registradas no valor gasto em restaurantes foram de -32,1%, em São Paulo, de -34,5%, em Minas Gerais, e de -38,9%, no Rio de Janeiro.
Queda no consumo deve superar 5% em 2020
Pós-pandemia: aberto para balanço
Brasileiros querem manter novos hábitos depois do isolamento social