De acordo com dados de julho, desde o início da pandemia de COVID-19, 107 mil lojas aderiram à venda on-line de seus produtos. Com isso, o número de negócios nesse modelo quase dobrou, passando de 135 mil lojas ativas para 242 mil. Nesse processo, cresceu também a adesão ao modelo de marketplace – espaços virtuais que podem ser usados por outras empresas (geralmente menores) para que estas realizem vendas. É o caso, por exemplo, de pequenos negócios que vendem por meio da Amazon ou do Magazine Luiza.
De acordo com o sócio da consultoria de Inovação e venture builder Play Studio, Romulo Perini confirma que, com a pandemia, muitas plataformas que já vinham se consolidando no mercado, de repente se depararam com uma demanda mais acelerada de um dia para o outro. “Temos visto resultados acima do esperado para esse formato durante o isolamento”, afirma. Nesse caso, ele menciona plataformas que trabalham com nichos específicos.
Na prática
Um exemplo de marketplace é a Vem de Bolo, que começou a operar em 2019 e trabalha atualmente com 60 boleiras cadastradas. A plataforma nasceu com o propósito de ajudar o pequeno e médio empreendedor a desenvolver o seu próprio negócio de confeitaria e, neste ano, viu a demanda disparar por conta da quarentena.
O crescimento também é uma realidade no marketplaceRaízs, que comercializa produtos orgânicos cultivados por pequenos produtores, certificados e auditados pelo IBD, certificadora do selo “Produto Orgânico Brasil”. A startup foi criada em 2014 e conta com a parceria da Play Studio, de Perini. Desde o lançamento, o Raízs já conta com nove famílias produtoras. A demanda saltou 280% nos primeiros meses de 2020 por conta da pandemia.
Oferta e demanda
Diante do aumento da procura, é fato que os produtores precisaram se adaptar. De acordo com Perini, o sucesso de um marketplace depende de uma sincronização entre a oferta e a demanda para não desengajar uma das partes e comprometer o resultado final. “Do lado ofertante, é preciso ter uma alta frequência de venda de produtos e serviços para manter os fornecedores atuantes e engajados, caso contrário o churn pode ser alto”, diz Perini.
Apesar disso (e de outros desafios envolvidos no negócio), o executivo ressalta que há muitos cases de sucesso, como como Uber, Mercado Livre, OLX e Rappi, que demostram o potencial desse modelo. “São inúmeros os exemplos que mostram como o formato é vencedor no Brasil e no mundo e pode mudar a dinâmica de qualquer tipo de mercado”, diz. “É um formato extremamente democrático e que explora de forma positiva a capacidade produtiva e a ociosidade de diversas pessoas para gerar valor a usuários e empreendedores”.