Contratar ou não contratar? Se essa questão costuma ser alvo de muito debate dentro das empresas em tempos “normais”, espera-se que em condições econômicas mais voláteis, como as do momento atual por causa da pandemia de Covid-19, essa pergunta seja ainda mais complexa de ser respondida. No Brasil, algumas empresas já trabalham por uma retomada mais forte no fluxo de trabalho, ainda que áreas como as do turismo, o setor de bares e restaurantes, e os espaços culturais estejam entre os mais prejudicados no retorno das atividades. Esse retorno irregular das atividades faz com que certas empresas já estejam prontas para aumentar novamente seus quadros de funcionários, já que atendem a uma demanda que estava reprimida por causa da pandemia.
Para saber como avaliar o melhor momento de dar esse passo e realmente fazer boas contratações, conversamos com uma especialista no assunto. Thaisa Batista é COO e co-founder na Abler, uma startup dedicada a fazer recrutamento e potencializar o RH das empresas, tudo de maneira digital. Acompanhe o top 5 de tira-dúvidas.
Estou preparado para contratar?
“Se você começar a pensar em ‘quando contratar?’, recomento ter em mente que essa ação deve estar totalmente ligada a algo maior, a uma estratégia maior da empresa. É preciso observar a constância do negócio (se está em curva ascendente acelerada, por exemplo, ou em crescimento lento). Fique de olho no que está sendo previsto para os próximos meses ou na estratégia que já havia sido traçada para cada time”, explica Thaisa. Já para entender o “como” contratar uma nova pessoa, em tempos de pandemia, a especialista recomenda: “A gente tem que olhar a formatação do processo de integração desse novo funcionário e acompanhá-lo”. No cenário de agora, a expert aconselha rever parâmetros antes de contratar: “O contatante precisa saber se vai conseguir prestar suporte ao novo funcionário agora. Precisa saber quais serão os canais de ação – hoje praticamente 100% digitais tanto para a divulgação das vagas quanto para a contratação. A sua empresa está preparada para isso?”
O que mudou pós-pandemia?
A realidade com a Covid-19 pede mais atenção na hora de contratar: “O primeiro ponto é considerar a real disponibilidade para o trabalho remoto, que ajuda a compreender se o profissional que se quer contratar também tem condições de trabalhar da casa dele. A gente sabe que essa realidade foi imposta para muitas pessoas”, ressalta ela. O fator humano é muito importante, claro, quando falamos de contratações e não pode ser perdido de vista: “Mães e pais de família, em casa, com todos que vivem por lá, foram pegos de surpresa. Então, se for a estratégia da sua empresa permanecer em home office, é importante entender se essa pessoa tem condição de trabalho nesse modelo”. Outro elemento que Thaisa Batista ressalta é avaliar também a capacidade de autogestão e proatividade dessas pessoas: “Com o home office se tornou essencial ter pessoas no time que a gente não precise gerenciar, ficar vigiando, saber se está cumprindo horário sim ou não. Isso tudo sem esquecer das ferramentas de comunicação: é sempre importante a empresa pensar, do seu lado, se ela está pronta para contratar alguém que fique totalmente remoto, se há canais de comunicação e escopo de trabalho bem definidos”, reforça ela.
Existe uma “dica de ouro” na hora de contratar?
“Existe uma dica para os gestores, que é muito conhecida, mas as pessoas ainda não praticam como deveriam”, conta a especialista. “Ela é contratar atitudes e comportamentos e treinar habilidades técnicas. A gente sabe hoje que, pela urgência da contratação, às vezes pela necessidade, é olhado muito a questão da capacidade técnica do profissional, e se deixa de conferir, de investigar mais profundamente a capacidade de aprendizado, de boa comunicação, engajamento, bom relacionamento com a equipe… Na medida do possível, vale tentar conciliar esses dois requisitos para o sucesso na contratação”, completa Thaisa Batista.
Salário alto X salário baixo
E vale fazer o raciocínio de não contratar pessoas com salário tão alto nesse momento de cenário de incertezas? Thaisa responde: “Acredito que não exista uma relação direta entre essas duas coisas”, diz ela. “Toda contratação é um investimento, então existe ali uma expectativa de retorno a curto, médio e longo prazo. E cabe sempre uma análise do que a empresa está precisando no momento – se é alguém com mais experiência, se são duas pessoas com menos conhecimento e talvez um salário um pouco menor, sabe? Acho que cabe um pouco pensar sobre esse alinhamento, porque muitas empresas querem, para dar um exemplo, contratar um analista, mas com salário de assistente. Se você quer um profissional mais experiente, com networking formatado, independentemente do quão estratégica é essa contratação, precisa haver um investimento para isso”, reforça a expert.
Evite o principal erro
Para Thaisa, existe um equívoco que diversas empresas cometem na hora de recrutar novos profissionais que é, muitas vezes, valorizar pouco a experiência acumulada dessas pessoas: “Infelizmente, ainda existem muitas empresas, principalmente aquelas com planos de cargos bem definidos, que se atêm apenas à área de formação do profissional, deixando de prestigiar, muitas vezes, a habilidade que ele teve de aprender algo sozinho ou de ter uma experiência de anos. Isso ainda se observa bastante, principalmente na parte inicial do recrutamento de pessoas que é a triagem. Você acaba desclassificando um profissional tão competente quanto aquele que tem uma profissão exata sem dar a chance de conhecer, avaliar e buscar mais a fundo a experiência dele.
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