Novas habilidades no trabalho vêm sendo requisitadas cada vez mais por profissionais de RH, são as qualificações pessoais, chamadas de soft skills. Em tradução livre, elas podem ser entendidas como habilidades interpessoais e têm ganhado destaque dentro das novas realidades trazidas pela pandemia.
Isso porque, diante da crescente transformação digital que as empresas vêm passando, surgiram novas necessidades relacionadas também aos profissionais, começando pelos aspectos que possibilitam o desenvolvimento das competências de trabalho de cada um.
É claro que, como vantagem competitiva, dependendo do vaga a ser ocupada, ainda são consideradas as habilidades profissionais “tradicionais”, como formação intelectual e experiências profissionais anteriores. Mas as habilidades no relacionamento humano estão sendo vistas, mais do que nunca, como essenciais, já que as estruturas organizacionais, hoje em dia, são compostas cada vez mais por equipes com diversidade e a capacidade de interação e empatia dos seus membros é fundamental para um bom desempenho.
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As soft skills do momento
À frente de um departamento responsável por mais de 30 mil colaboradores, Marisa Fernandes, diretora de RH da Manserv, é enfática ao destacar que soft skills estão no foco das contratações.
“Atualmente, o maior direcionamento das empresas para as contratações refere-se principalmente ao comportamento. O que antes não era importante, agora é o foco principal para o preenchimento das vagas”, afirma. “Mais que as aptidões tecnológicas, os profissionais devem ter habilidades comportamentais que precisam estar em destaque, entre elas, o pensamento crítico, a criatividade e a inteligência emocional”, elenca.
Uma vez que existe um número maior de pessoas em busca de uma colocação profissional, estas soft skills são um grande diferencial para uma nova colocação.
Efeitos da pandemia no mercado de trabalho
A pandemia da Covid-19 deixou reflexos em diversos setores da sociedade, incluindo o mercado de trabalho. Diferentes softs skills passaram a ser necessárias, e a nova realidade exige dos profissionais habilidades específicas.
Para a head de RH, as capacidades mais valorizadas pela gestão brasileira no pós-pandemia, além da inteligência emocional, serão trabalho em equipe e comunicação assertiva.
O cenário no Brasil reflete a necessidade de os profissionais saberem equilibrar diferentes emoções em meio a imprevistos e dificuldades dos contextos que possam vir a enfrentar. Outras competências mais valorizadas pelo mercado são:
- Ética profissional
- Comunicação
- Atitude colaborativa
- Flexibilidade
- Gestão do tempo
- Liderança
- Visão holística e crítica
- Resiliência
É natural que cada empresa priorize competências que tenham maior relevância entre os envolvidos com seu negócio. Mas não é só no âmbito profissional que as soft skills são discutidas e, cada vez mais, elas conquistam espaço em todos os âmbitos da vida de uma pessoa.
Como desenvolver as competências pessoais?
Assim como é possível incrementar as hard skills, ou seja, competências profissionais, como currículo e títulos acadêmicos, soft skills também podem ser desenvolvidas. Nesse quesito, para Marisa, sessões semanais de coaching profissional e tentativas de se aprofundar ao máximo nas equipes, pode ajudar no desenvolvimento das habilidades pessoais.
Além disso, programas de mentoria também podem auxiliar e cultivar influenciadores dentro da própria empresa. Por falar nisso, as empresas podem ser corresponsáveis no desenvolvimento de seus colaboradores neste quesito.
Ações como centralizar o desenvolvimento das soft skills nos próprios locais de trabalho, por exemplo, faz com que os colaboradores continuem tentando melhorá-las de uma forma mais natural e orgânica. Orientar e estar disponível é outro passo para que o líder de uma empresa possa desenvolver as habilidades naturais dos profissionais da organização. Assim, todos estarão criando uma mentalidade de ajuda mútua.
Por mais que as soft skills sejam o “fator x” que diferencia os talentos dos candidatos, essas habilidades foram bastante desvalorizadas por muito tempo e consideradas pouco importantes perto das hard skills – aquelas encontradas no currículo. Contudo, graças à transformação digital, hoje em dia, já é possível mensurar essas competências e torná-las mais tangíveis.
Outro ponto importante que pode ser praticado pelas companhias é fazer a devolutiva dos resultados dos colaboradores, sendo um grande diferencial no desenvolvimento das competências. Para Marisa, soft skills são como músculos: quanto mais se pratica, mais se desenvolve e fortifica. “Por isso, o feedback contínuo permite que um profissional se auto analise e perceba no que precisa melhorar”, destaca.
Exemplo começa pela liderança
Quando os líderes se mostram como eternos aprendizes e encorajam seus times a focar no desenvolvimento das habilidades, sejam elas quais forem, se tornam muito mais do que apenas gestores. Colocar-se como alguém que também aprende faz com que os colaboradores vejam uma liderança aberta ao diálogo.
Além disso, participar de programas e compartilhar experiências positivas com os membros da empresa motiva e mostra que é possível, sim, se aprimorar e crescer. É esse o perfil não só de líderes do futuro, mas atitudes que precisam ser postas em prática para o agora.
Aprender sobre soft skills e hard skills é, definitivamente, muito importante, mas é apenas parte da equação. Os colaboradores precisam ser capazes de aplicar essas habilidades não só dentro, como, também, fora do contexto de trabalho.
Implementar jogos corporativos que coloquem em prática, de fato, o desenvolvimento dessas competências, e façam com que as pessoas se sintam dispostas a absorver cada vez mais e de formas diversas é uma boa estratégia.
Como consequência desse exercício diário, é possível notar um ganho no foco, engajamento, motivação e produtividade em times. Tudo sendo implementado em uma gestão horizontal certamente ajudará a construir um ambiente receptivo à valorização das soft skills.
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