Toda organização quer engajar seus colaboradores. Mas conforme os negócios se desenvolvem, o número de clientes aumenta e as operações adquirem complexidade, isso tende a ficar em segundo plano. Entretanto, o que muitos gestores não percebem é que essa falta de atenção com o quadro de funcionários pode ser o motivo para os maus resultados de um projeto.
A razão para isso é simples: os funcionários são a força motriz de toda empresa. Logo, se eles não vão bem, o resto tende a desandar. Além disso, de acordo com um levantamento realizado pela consultoria Gallup, profissionais engajados têm 59% menos probabilidade de procurar um novo emprego nos próximos 12 meses. E ninguém quer perder seus talentos, não é mesmo? Daí a importância de manter uma boa comunicação interna.
Essa é a solução para empresas de qualquer setor ou tamanho. Mas claro que, para quem tem a possibilidade, outras formas de controlar o problema e ver os colaboradores mais felizes são: um setor de recursos humanos mais ativo, maiores benefícios, mudanças na carga horária e o oferecimento de cursos de capacitação.
O que é “comunicação interna”?
A comunicação interna consiste em um conjunto de soluções cujo propósito é estabelecer um canal de transmissão de informações estratégicas. Em uma empresa, ela toma forma de diversas maneiras. A mais popular são as newsletters corporativas, mas outros modelos (como revistas, vídeos e redes sociais internas) também podem ser utilizados.
Mas por que implementar esse tipo de ferramenta? Estudos científicos já apontaram os benefícios da comunicação interna na gestão corporativa. Um deles, publicado no periódico científico International Journal of Business Communications, explica que as organizações que desejam promover o engajamento de seus colaboradores devem “remover os obstáculos ao fluxo interno de informações e fornecer feedback contínuo aos funcionários sobre questões individuais e organizacionais”.
O feedback individual seria aquele realizado pelos gestores ou profissionais de recursos humanos. Mas quando falamos de feedback organizacional, essa função recai sob ações de comunicação interna. Para os colaboradores, ter acesso a esse tipo de informação resulta na criação de um vínculo de confiança com as lideranças. Ao se sentirem mais seguros com a governança corporativa, a sensação de estabilidade e a iniciativa no desenvolvimento de projetos também tendem a aumentar.
Felipe Hotz, CEO e fundador da Comunica.in, empresa desenvolvedora de soluções de comunicação interna, reforça esse ponto de vista. “Uma dica certa para usar a comunicação interna efetivamente é ser verdadeiro e estar sempre próximo do colaborador. Compartilhar resultados e conquistas, promover integração entre as equipes, abrir espaços de diálogo com a liderança e comunicar com verdade, fazendo com que os colaboradores tenham confiança na gestão.”
Comunicação interna como canal de relacionamento
Muito além de informações estratégicas para a equipe, Hotz reforça que essa ferramenta pode ser utilizada para difundir a cultura corporativa na empresa. “A cultura vai muito além da definição de valores, objetivos. Ela precisa ser reforçada no dia a dia, e quem precisa dar o exemplo é o corporativo.”
Isso aumenta o leque de conteúdos que podem ser compartilhados nessas ações. Publicar balanços, informações pertinentes como prazos de fechamento de RH e mudanças na carga horária são importantes. Mas gestores afiados também podem usar essas ferramentas para compartilhar histórias, artigos, dicas e outros tipos de conteúdo de marca que reforcem a relação com seu quadro laboral.
Não podemos subestimar a importância desse tipo de postura. Uma pesquisa realizada pela empresa de recrutamento Hays entrevistou mais de 2 mil profissionais e descobriu que um dos principais fatores de engajamento era justamente a cultura corporativa. “Ouvimos todos os dias candidatos que procuram uma cultura empresarial que se adeque aos seus valores essenciais. Liderança forte, comunicação aberta, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e desenvolvimento de carreira só vão se tornar mais importantes para a atração e retenção”, diz o estudo.
Sem esses fatores, a probabilidade de perder talentos cresce exponencialmente. Um relatório da consultoria Deloitte descobriu que 72% dos funcionários nos EUA trocariam sua empresa atual por uma com uma cultura mais inclusiva.
Como implementar uma ação de comunicação interna na empresa?
Quais são os problemas da sua organização? Que pontos poderiam ser melhorados para evitar um colapso? Ao avaliar e estabelecer seus desafios e metas de comunicação, um gestor se torna capaz de melhorar a moral dos funcionários, quebrar barreiras departamentais, promover eventos, educar funcionários sobre benefícios e construir confiança. Mas tudo isso precisa partir de um processo organizado, moderno e estratégico. Alguns pontos devem ser considerados para atingir esse objetivo.
1. Estabeleça suas metas
De acordo com Felipe Hotz, o ponto de partida para a criação de uma estratégia de comunicação interna é a definição de objetivos da empresa. Afinal, o que você espera alcançar com essas ações? É a resposta para essa pergunta que vai definir a sua forma de abordagem e qual conteúdo será compartilhado.
“Cada empresa deve adequar suas ações de comunicação interna de acordo com sua realidade, desde a estrutura física, públicos e objetivos. Mas uma dica certa é ser verdadeiro e estar sempre próximo do colaborador. Compartilhar resultados e conquistas, promover integração entre as equipes, abrir espaços de diálogo com a liderança e comunicar com verdade, fazendo com que os colaboradores tenham confiança na gestão.”
2. Conheça o seu público
Em segundo lugar, é preciso definir o canal de comunicação que será usado. E, para isso, é necessário “conhecer o seu público”. Seus colaboradores ficam mais tempo no e-mail ou circulando? Eles passam muito tempo em locais comuns ou em seus escritórios? Dependendo dessas informações, talvez seja melhor adotar uma “televisão corporativa”, que reproduza vídeos institucionais, do que um serviço de e-mail (ou vice versa).
3. Produza conteúdo relevante
A comunicação interna deve ser, acima de tudo, informativa. Logo, não dispense a possibilidade da criação de conteúdo mais situacionais. Felipe Hotz usa estratégias adotadas durante a pandemia da Covid-19 como exemplo. Na ocasião, gestores aproveitaram a oportunidade para abordar temas relacionados à saúde, transmitindo informações de prevenção e protocolos de higiene.
Outros pontos fundamentais durante o período, como definições a respeito do home office e expectativas da empresa sobre salários e cortes nas equipes, também foram parte da estratégia de comunicação das empresas no período. “Esse tipo de abordagem foi muito importante para manter os colaboradores seguros em relação a sua situação.”
Reserve um tempo para considerar onde você pode estar falhando e como você pode encorajar uma comunicação forte, transparência e maior engajamento em sua organização.
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