Oferecer serviços financeiros para clientes e parceiros, mesmo que essa não seja a atividade principal da empresa, se tornou algo muito interessante para as organizações. Isso porque, com a possibilidade de trabalhar com produtos personalizados, o Banking as a Service abre uma janela de oportunidades para criar e entregar soluções financeiras pontuais que atendam a essa demanda.
O Banking as a Service, ou BaaS, permite que empresas de qualquer segmento possam oferecer aos seus clientes os mesmos produtos e serviços financeiros de um banco digital. Ou seja, sem perder o foco principal do seu negócio, uma empresa passa a atuar também como uma instituição de pagamento e a oferecer soluções financeiras com a sua marca.
Grandes redes de varejo têm oferecido o serviço, criando cartões de débito e crédito e oferecendo empréstimos para os seus clientes, por exemplo. Além de promover uma experiência completa ao seu público, essa é também uma maneira de aumentar a fidelização, pois, quando a empresa entrega, além do seu core business, produtos financeiros personalizados, dá ao cliente tudo o que necessita para fazer a gestão do seu negócio.
Segundo Thiago Saldanha, CEO da Sinqia, fintech que oferece soluções tecnológicas para o sistema financeiro, quem impulsiona essa inovação é a necessidade.
“Hoje vemos claramente uma necessidade por estruturas mais flexíveis e digitais. A busca por inovação para o mercado financeiro é uma tendência mundial, e o mercado e o Banco Central do Brasil vem, nos últimos anos, empregando esforços e construindo uma agenda de inovação, com uma série de produtos, serviços e regulamentos que buscam suprir essa alta demanda por um cenário mais ágil, transparente e democrático”, declara no Fintech Report 2021, da Distrito.
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Gerando valor com o Banking as a Service
No Brasil, o sistema financeiro é extremamente consolidado, já que cerca de 80% do crédito é controlado por cinco bancos, de acordo com dados do Relatório de Economia Bancária do Banco Central de 2019.
Segundo Fabio Carrara, CEO da Solfacil, plataforma para investimentos em energia solar, no Fintech Report 2021, as empresas perceberam que as margens dos bancos são altas e veem na operação financeira também uma fonte de renda. “Quem encontra ou produz soluções financeiras para atender seu público-alvo acaba tendo um braço de fintech para rentabilizar seu negócio e facilitar o acesso aos seus serviços”, diz.
Isso porque o BaaS permite a construção de um ecossistema financeiro completo para diferentes negócios. Por exemplo: um marketplace decide criar sua própria conta digital, e passa a transacionar todos os seus valores por ela. Paralelamente, disponibiliza a mesma solução para os seus parceiros de negócios. Esses, por sua vez, passam a receber os pagamentos pelas vendas diretamente por esse canal, sem intermédio de outros bancos. Com isso, a empresa consegue reduzir taxas e contribuir para a gestão financeira.
Assim, toda a parte financeira do negócio passa a ser realizada dentro da plataforma Banking as a Service, com autonomia para criar as suas próprias regras e com total segurança para a empresa e para os seus parceiros.
Ao poder criar suas próprias regras, o BaaS permite que a empresa crie produtos financeiros que realmente resolvem as dores do seu público e isso gera o interesse dos consumidores em serviços mais convenientes e disponíveis 24/7, gerando valor para o cliente.
Overview do BaaS
Segundo o Fintech Report 2021, o investimento global em fintechs no primeiro quarto deste ano foi de mais de 13 bilhões de dólares. No Brasil, somente neste período, foram mais de 4 bilhões investidos nas startups financeiras e, segundo o relatório, é um número que tende a aumentar, a partir do momento que outros players importantes atingirem seu pleno desenvolvimento.
De acordo com o report, os serviços digitais concentram hoje mais da metade de todo investimento em fintechs. Em seguida, há um crescimento em soluções de crédito, seguida por meios de pagamento e seguros.
Além disso, grande parte das aquisições recentes envolvem empresas que oferecem novas formas de pagamento e facilidades para linhas de crédito. E, dentro desses investidores, estão empresas de várias especialidades, um indicativo da abertura geral do mercado para adoção de soluções nessa linha.
Um fator comum entre as adquiridas é o foco no público B2B, já que a intenção é atingir maiores níveis de personalização e assertividade quanto a oferta de produtos e serviços.
O case iFood
O iFood mantém o seu core business no ramo de entrega de comida pela internet. Mas, como destacamos acima, é cada vez mais comum que empresas optem por aderir ao BaaS, oferecendo serviços financeiros para seus clientes.
A empresa de delivery alimentício batizou a sua plataforma de banking as a service de Conta Digital iFood. Feita para simplificar o dia a dia dos proprietários de restaurantes, a Conta Digital iFood já está disponível para empreendedores individuais, é 100% digital e o cliente pode fazer suas movimentações através do aplicativo da Conta Digital iFood ou do Portal do Parceiro iFood.
Essa conta digital é isenta de tarifas e foi feita para facilitar a gestão financeira dos proprietários de restaurantes parceiros do iFood. Sendo assim, além de receber os repasses do iFood diretamente na Conta Digital fornecida pela empresa, o cliente tem acesso à funções como solicitação de crédito, pagamento de contas e tributos que possuem código de barras, transferências (TED) e uso de cartão.
Além disso, a conta digital disponibiliza o Cartão iFood Facilita, um cartão pré-pago da bandeira Visa, aceito em toda a rede credenciada. Com ele, é possível utilizar o saldo da conta digital nas compras em lojas físicas ou online, na função crédito à vista.
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