Pergunte a qualquer executiva ou executivo de sustentabilidade de uma grande empresa sobre a importância das ações ESG para os negócios. A resposta certamente vai incluir o acesso à informação dos consumidores conectados e a exposição das ações das empresas, senso de coletividade e urgência de restauração e proteção do meio ambiente. Se as empresas estão tendo nítido e real sucesso em suas ações é outra história, mas o que vale é que há uma demanda coletiva criada.
Em paralelo aos esforços em ESG das empresas ao chamarem a responsabilidade para si e criarem culturas de consumo, certas companhias olham para o comportamento do consumidor e buscam alimentar suas ganas de mudança com serviços de informações sobre o próprio consumo. Uma série de novas ferramentas vem sendo lançada para ajudar os consumidores a rastrear e medir seu próprio comportamento ético ao lado do comportamento das marcas. Parte dessas empresas que buscam empoderar consumidores individuais também desenvolve calculadoras para empresas.
Confira cinco calculadoras éticas que estão ganhando atenção no cenário internacional:
- Mastercard: a empresa de pagamentos está ajudando os consumidores a calcular a pegada de carbono de suas compras. Em abril, ela lançou uma calculadora de carbono que fornece um instantâneo das emissões de carbono geradas pelas compras.
- Watershed: a prestadora norte-americana de suporte ESG a empresas criou uma ferramenta que mede o impacto climático do trabalho remoto e híbrido. A empresa, que presta serviços para empresas como Airbnb, estende sua tecnologia ao consumidor final, dando a possibilidade de calcular como as políticas de trabalho em casa estão reduzindo (ou aumentando) as emissões de carbono de uma empresa.
- Klarna: a fintech de serviços de pagamento adicionou uma calculadora de pegada de carbono ao seu aplicativo para ajudar consumidores a rastrear o impacto ambiental de suas compras. A calculadora leva tudo em consideração — desde a produção até a entrega, para estimar a emissão de carbono associada a cada compra e ao longo do tempo.
- Departamento de Turismo de Dubai: a administração dos Emirados Árabes anunciou em maio que exigirá que todos os hotéis rastreiem e relatem suas emissões mensais de carbono usando uma nova calculadora de carbono a partir de julho. A iniciativa faz parte da Estratégia de Redução de Carbono 2021 de Dubai, que visa reduzir as emissões de carbono em 16% até o final deste ano.
- AdGreen: a consultoria de impacto ambiental voltada a agências de publicidade que ajudar no rastreamento de emissões de carbono na produção de anúncios. Com lançamento previsto para setembro de 2021, sua calculadora mostrará quanto carbono é atribuído a que tipo de atividade, qual fornecedor gerou mais carbono em termos de pegada para aquela campanha, e dará às marcas e holdings visibilidade do carbono emitido.
Necessidade de métricas
Em seu inteligente artigo na revista digital Consumidor Moderno deste mês, o sócio e co-CEO da consultoria Mandalah, Victor Cremasco, traz uma dose de sobriedade bem-vinda à inflação das pautas ESG no nosso dia a dia. Ele lembra que o mercado está cheio de empresas com conhecimento limitado sobre seu real impacto sobre o mundo, e estamos em um momento de necessidade de amadurecimento.
Uma das necessidades dessas empresas é a elaboração de métricas para conferir seus impactos negativos e positivos, além do desafio da “mea culpa”. Será que essas ferramentas de cálculo trazem de fato mais sofisticação e contextualização das ações éticas? Se sim, estaremos de fato em direção a uma nova era em que as avaliações éticas são integradas aos produtos e serviços, ficando em uma corda menos bamba — para parafrasear o perspicaz artigo de Cremasco.
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