Desde que o WhatsApp anunciou o desenvolvimento do seu recurso que permite a transferência de valores, foram nove meses de espera até que a aprovação pelo Banco Central viesse, em março de 2021. Agora, finalmente, o brasileiro tem acesso a mais uma opção de serviço financeiro: o WhatsApp Pay, que permite transferências entre duas partes desde que possuam cartões de débito das bandeiras Visa ou Mastercard emitidos por uma dessas instituições: Itaú, Bradesco, Inter, Nubank, Mercado Pago, Banco do Brasil, Next, Sicredi ou Woop.
Na visão de Henrique Carbonell, CEO e cofundador da F360°, o serviço deve baratear a transação e trazer facilidade de compra, já que não envolve as taxas do cartão de crédito. Além disso, será positivo para os varejistas, uma vez que terão um maior número de pagamentos à vista, aumentando o fluxo de caixa e a proximidade com o cliente.
“Do ponto de vista de quem recebe também é benéfico, pois terá o valor quase em tempo real. Muitas lojas que dependem de cartão de crédito precisam antecipar os valores e esse processo tem um custo muito alto. Com o WhatsApp Pay, o dinheiro vai entrar sem descontos”, explica Henrique Carbonell.
O Brasil foi o segundo país do mundo a ter acesso a esse serviço, o primeiro foi a Índia. De acordo com as perspectivas da empresa, a projeção é que o WhatsApp Pay chegue a mais de 120 milhões de usuários, aproximadamente, 60% da população brasileira.
O uso do WhatsApp Pay não tem custo, mas o serviço possui algumas restrições:
- Aprova o valor de até R$ 1.000,00 por operação;
- Possui o limite mensal de R$ 5.000,00 entre enviados e recebidos;
- É permitido somente 20 transações por dia.
Para ter acesso a esse benefício, basta se cadastrar na função de pagamentos pelo app de mensagens, criar uma senha com seis dígitos ou cadastrar reconhecimento facial ou biometria, adicionar os dados pessoais e do cartão e confirmar a verificação do cartão via SMS, e-mail ou app do banco.
WhatsApp Pay facilita o pagamento e é seguro
“Para quem é comerciante, a nova plataforma amplia as opções de recebimentos sem burocracia quase em tempo real. Por hora é apenas para pessoas físicas, mas facilita quem não quer mais andar com cartões na rua por questões de segurança”, afirma Carbonell.
O WhatsApp já informou que também pretende liberar a atualização para facilitar as transações de contas jurídicas, porém, ainda não informou uma data para que isso aconteça.
Geralmente, a questão da segurança é o que mais causa dúvidas nos consumidores e nos comerciantes e retarda a adoção de novas tecnologias. O papel do varejista é importante nesse momento. Na medida em que oferece o serviço como possibilidade para o cliente, ajuda a desmistificar a modalidade de pagamento e mostrar que não existem riscos.
“Conforme o comércio for aderindo à prática, as pessoas vão se sentindo mais confortáveis para realizar o pagamento. A facilidade de não precisar estar com o cartão em mãos também ajuda”, reforça o cofundador da F360°.
O popular “boca a boca” deve contribuir bastante para a consolidação do uso do serviço. Uma vez que a pessoa conhece alguém que tenha utilizado o aplicativo para pagar algo, vai se informar para fazer. Henrique Carbonell destaca que o procedimento é seguro, pois possui diversas etapas de verificação e confirmação da transação.
Adoção pode aumentar as vendas
O WhatsApp Pay pode ser uma oportunidade para varejos menores e para os pequenos empreendedores alavancarem suas vendas por oferecer um acesso mais fácil e rápido ao pagamento. A praticidade na hora da conclusão da compra é sempre atraente para o consumidor.
E o tamanho do público que utiliza o aplicativo não pode ser ignorado. Segundo o Digital Global Overview Report 2021, relatório publicado pela Hootsuite em parceria com a We Are Social, 91,7% dos brasileiros com idades entre 16 e 64 anos utilizam o WhatsApp. Ou seja, as chances de um cliente que entra na loja ou faz um pedido remotamente possuir o aplicativo é muito grande.
“Certamente, o ponto de venda que não disponibilizar esse tipo de pagamento ficará para trás. Em uma sociedade onde todos estão presentes em algum tipo de mídia social, esse modelo tende a crescer”, diz Henrique Carbonell.
O CEO da F360° comenta que muitos comerciantes fazem suas transações de maneira informal (pagando em dinheiro ou no débito) e essas negociações podem se digitalizar, o que irá aumentar, de forma exponencial, o fluxo de transações que hoje não são computadas. No setor de atacado, onde se costuma pagar à vista, essa modalidade também deve ser bem aceita e deve ter um percentual significativo do volume de transações, de acordo com o executivo.
O primeiro passo é o comerciante ou vendedor autônomo oferecer o serviço como possibilidade. O momento é propício e o sucesso da adoção do Pix é a prova disso.
O interesse pelo uso de pagamentos digitais na hora de comprar cresceu ainda mais com a pandemia. Essa forma de pagamento se encontra presente em todas as faixas etárias e é utilizada por um terço da população, de acordo com o estudo Generation Pay, da Savanta realizado em 15 países, entre eles o Brasil.
Entre o público mais jovem a adoção é maior e isso não pode ser esquecido. A geração Z (os nascidos entre 1995 e 2010) é a maior adepta do meio de pagamento digital e está promovendo uma mudança nas formas tradicionais de transações financeiras.
Segundo o levantamento da Savanta, embora o dinheiro e os cartões sejam os métodos de pagamento dominantes para a maioria das compras diárias, os membros da geração Z estão altamente interessados nas tecnologias de pagamento mais recentes e estariam dispostos a tentar uma variedade de opções, como um microchip na mão, pagamentos de comando de voz através de um smart alto-falante e integração de pagamento no carro.
Ou seja, oferecer o WhatsApp Pay como opção de pagamento para os clientes mais jovens pode não só agradá-los, mas ajudar a consolidar o formato, uma vez que eles também são formadores de opinião e representam boa parte do mercado consumidor.
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