Você já parou para se perguntar como será o mundo daqui a dez anos? Essa é uma daquelas perguntas que valem o milhão e as empresas estão absolutamente focadas no futuro, especialmente após o baque repentino da pandemia e a necessidade de se antecipar aos fatos. Entretanto, para entender o que se passa lá na frente, é preciso observar os indícios do momento — que também dão uma interessante dica do que está por vir.
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O futuro do consumo foi um tema discutido no Conarec 2021, que ocorre nos dias 10 e 11 de novembro, no painel “Estudo do consumo da próxima década e o que definirá o ato da compra daqui para frente”. O debate contou com a participação de Jacqueline Weigel, diretora de Futuros da W Futurismo, que apresentou dados inéditos da pesquisa realizada pela empresa.
“A reputação de uma marca é definitiva agora para atrair consumidores, fidelizá-los e atraí-los. Cada vez mais as marcas precisam se engajar com as questões sociais e a pandemia foi um grande exemplo de como as empresas precisam se engajar nos problemas sociais. As letrinhas ESG estão cada vez mais fortes e definem a próxima década”, salienta a executiva.
Os pilares do consumidor do futuro
Os indícios presentes do futuro do consumo já apontam um caráter bem marcante, que estará baseado em um olhar a longo prazo, especialmente focado em bem-estar, qualidade de vida e consumo consciente. Afinal, o clima segue como uma preocupação latente do consumidor de hoje e essa deve ser uma tendência ainda maior nos próximos anos.
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Outro ponto de destaque, conforme aponta estudo do Euromonitor, é que a centralidade das estratégias no cliente deve ser o ponto de partidas das empresas para esta década. “O consumidor passou a ser o centro do negócio, o que importa agora é o que ele quer e não o que o vendedor precisa. A experiência do cliente está em alta e a liderança de pensamento em profundidade é o que vai fazer com que o varejo entenda quais são os movimentos em torno do consumo daqui para a frente”, salienta Weigel.
A partir do estudo, foram separados oito pilares nos quais o consumo será baseado no futuro, com forte apelo na sustentabilidade e uma verdadeira transformação de hábitos. Confira:
Vida saudável
Sem dúvidas, o cuidado com a saúde — tanto física quanto mental — sofreu uma série de transformações durante a pandemia. A partir do viés do bem-estar, uma forma de combater o vírus e o isolamento, os olhos também se voltaram à psique, posto que os níveis de ansiedade e depressão aumentaram.
Mais do que nunca, o consumidor de hoje se recusa a deixar a saúde em segundo plano e prioriza seu bem-estar acima de tudo. “Depois da pandemia, ficou muito evidente o quanto a gente não tinha muitos cuidados com a saúde”, comenta a executiva. “O consumidor agora tem uma abordagem mais holística. A busca pelo bem-estar espiritual, emocional, mental e físico é cada vez mais integrada. Não adianta falar só em estilo material ou apenas mental, é preciso oferecer ao consumidor maneiras de cuidar da sua saúde de forma personalizada.”
Experiência do cliente
A pauta de 2021 deve ser uma tendência normalizada no futuro. Todo o investimento em estratégias de CX reflete (e muito) e consumidor do futuro, conforme consta no estudo da W Futurista.
“Uma boa experiência de consumo não acontece apenas no pré-venda e no pós-venda, ela precisa acompanhar todos os momentos do consumo, toda a cadeia. Hoje, as pessoas buscam ressignificar a experiência sobre a posse, ter menos e experenciar mais, usar sem acumular, o gasto com bem durável vem diminuindo e os gastos com serviços tem aumentado. Nesse cenário uma boa experiência dispara como atrativo”, salienta Weigel.
A nova forma de compra
Se o consumidor já é omnicanal, nada mais esperado que ele demande também uma jornada multicanal — uma maneira de garantir a personalização até mesmo na hora da compra. Seja pelo WhatsApp, pelo site, pelo marketplace, pelo aplicativo ou pelas redes sociais, o cliente do futuro exige uma jornada de compra totalmente personalizada às suas escolhas e necessidades.
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“A jornada ideal hoje é híbrida, porque toda jornada física tem inputs digitais e toda jornada de contas digitais precisa ter inputs físicos, é um pouco do mundo phygital, híbrido. Bens e serviços precisam ser regados a experiências que, juntas, vão tornar o ato da compra um ato seguro, de muito prazer e satisfação sem grandes turbulências. Porque o consumidor está em todos os lugares, está por todos os lados, ele hoje é um multicanal, um omnichannel, ele compra em diversas plataformas”, ressalta a executiva.
Vida ética
Em tempos de sustentabilidade e ESG, é preciso estar atento à cadeia de produção de produtos e todos os processos internos das empresas. Afina, o consumidor do futuro (e o de hoje) demanda um consumo ético e consciente.
“Essa vida ética tem três fatores de impulsionamento: consciência, disponibilidade e acessibilidade. Ou seja, consciência na formação da cadeia de produção, disponibilidade de produtos a todo instante e acessibilidade digital, pois é preciso ter um acesso rápido e fácil à empresa a qualquer hora, de qualquer lugar e, de preferência, por qualquer canal”, completa Weigel.
Recuo da classe média
Na pandemia, com uma imensurável crise econômica, a classe média reviu seus padrões e necessidades. Espera-se que, nesta década, essa classe social seja mais consciente e comedida — o que indica que suas preferências devem mudar.
“A classe média vem mudando seu ato de compra, está mais interessada em comprar o essencial e em eliminar o supérfluo. A compra do mercado de luxo continua aquecida, claro, porque é uma população bem menor com alto poder de compra. Mas a classe do futuro é a classe média, que tem comprado com mais consciência e mais bens duráveis”, constata a especialista.
Mudanças nas fronteiras de mercado
Ao longo das últimas duas décadas, vivemos o tão esperado sonho da globalização: um mercado no qual é possível consumir de várias nações de dentro do próprio país, com uma série de produtos importados e tendências trazidas do exterior. Até 2030, no entanto, é possível que vivamos o oposto:
“A realidade demográfica econômica do mundo está mudando muito com a tecnologia. A China explodiu, talvez lidere a próxima década, e depois vai ser a Índia. Sabemos que hoje temos mercados que são muito pouco explorados e que a globalização talvez seja trocada pela ‘glocalização’. Não precisamos comprar produtos de tão longe, podemos prestigiar nossos varejos locais e isso foi muito forte na pandemia”, esclarece Weigel.
Expansão das cidades
De acordo com o estudo da W Futurista, o consumo será tão modificado nessa década que até mesmo as cidades serão afetadas. “O aumento do investimento empresarial, da renda, a melhor infraestrutura e a adoção da internet fazem com que as cidades comecem a se tornar de médio porte, porque o êxodo está estimado em 65% das pessoas e o interior começa a ganhar um pouco mais robustez, trazendo todo um novo mercado a ser explorado, fazendo com que as cidades grandes diminuam e as cidades pequenas adquiram médio porte”, aponta a especialista.
Um consumidor premium
A ideia de que uma experiência de luxo ou personalizada era alvo apenas dos consumidores de alto padrão tem caído por terra: dada a nova exigência, todo cliente demanda ser atendido com uma experiência “premium” e as empresas precisam atualizar seu modelo de negócio — até mesmo para evitar a discriminação social, uma pauta que está em destaque.
“Hoje, todo consumidor quer a melhor experiência possível. Então, se você é um pequeno varejista ou grande empresário, a premissa é a mesma: encante seu consumidor, surpreenda-o, conheça seu cliente, investigue-o e pense de forma antecipatória”, aconselha Weigel.
Um consumo mais conectado
Com a aceleração digital promovida pela quarentena, é mais que compreensível que o consumidor de hoje está conectado às tendências pelo digital e demanda que seu consumo se integre à vivência online.
Isso ocorre sobretudo nas gerações mais jovens, mas até mesmo os mais velhos têm vencido a resistência a esse novo mundo conectado. “Hoje todos estão conectados a tudo e isso define o consumo, é um fenômeno muito crescente. A conclusão que tiramos de tudo isso é que empresas que não se adaptarem a nova realidade podem deixar de existir até 2030 e algumas outras empresas que inovam um pouco talvez tenham uma sobrevida maior, mas o ato de consumo muda radicalmente nos próximos dez anos”, finaliza a executiva.
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