O varejo físico foi expandido em mil formatos pela convergência de tecnologias, dentro da tendência de aceleração, além de sentir profundamente os efeitos (subestimados) do home office – que levou, também no Brasil, consumidores a adotarem o e-commerce mais intensivamente. Pensando nisso, a WD Partners, questionou milhares de consumidores em todo o mercado americano para que compartilhassem suas novas preferências. Entre os temas questionados estão informações de onde vão comprar, como vão comprar e qual a versão de loja física que é mais atraente para eles. Considerando, é claro, a nova realidade phygital. Na NRF2022, Lee Peterson, vice – presidente executivo de liderança de pensamento da WD Partners, mostrou os resultados e os highlights da pesquisa “Retail Supernova” e recomendou ações estratégicas para os varejistas.
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Novos horizontes para o varejo
O surgimento de uma supernova, uma estrela originada a partir da explosão de uma galáxia, é um movimento que ilustra o que acontece na paisagem varejista, a partir da convergências de disrupções.
Em 1999, o varejo se assemelhava a uma estrela perfeita, com lojas bem desenhadas atendendo clientes que não pensavam em outra forma de consumo. Mas hoje temos o mobile commerce, o e-commerce, o live commerce, o social commerce, as dark stores, o Direct 2 Consumer, com diferentes componentes e novos formatos de loja, das pop stores até as lojas conceito e flagships.
Mas qual o sentido dessa mudança? E o que isso significou para o varejo como negócio? Segundo Lee Peterson, o método preferido de compras do consumidor americano hoje é o e-commerce. 68% dos clientes preferem essa modalidade e apenas 32% optam por lojas. Ou seja, mais que o dobro dos consumidores preferem a loja virtual à loja física. E isso tudo tem base na seguinte pergunta: por qual razão devemos ir à loja?
Se essa era uma predisposição latente dos clientes, não se sabe com exatidão. Mas, com a pandemia e, por conseguinte, o Home Office, que fez com que as pessoas quisessem ficar em casa TAMBÉM para trabalhar, veio também a desmotivação para que as pessoas fossem às lojas.
A questão é que um grande contingente de trabalhadores de escritórios e de atividades intelectuais vai continuar sendo realizada de dentro das casas das pessoas, mesmo após a pandemia. Ao menos nos mercados maduros. As estimativas do estudo Retail Supernova apontam que 69% dos trabalhadores de funções intelectuais permaneceram em suas casas. O estudo, realizado com uma amostra de 2700 americanos, mostra que a maior parte dos colaboradores de atividades de escritórios não faz a menor questão de voltar à rotina anterior. Querem renunciar ao carro, supostamente ficar perto das crianças, mas, sobretudo, estão se situando em uma zona de conforto perigosa, que afeta todos os negócios físicos.
Ainda de acordo com o estudo, mais de 80% dos trabalhadores adotaram um novo estilo de vida, no qual é possível trabalhar mais de 50% das horas semanais em casa, sem se preocupar com a roupa do trabalho, com as reuniões presenciais, com o trânsito e os horários. Foi revelando ainda que 60% querem continuar trabalhando de casa, 50% da semana e, 40% querem trabalhar cerca de 25% do tempo semanal em casa.
Os impactos dessa ausência de profissionais nos ambientes de trabalho presencial são brutais para o varejo. A pesquisa mostra que 4% não querem nunca mais ir à uma loja, 11% podem preferir shoppings, 16% lojas de ruas em centros comerciais e 37% apenas querem frequentar o varejo de proximidade, em um raio de 5 quilômetros. Logo, como Consumidor Moderno antecipou em 2020, a tendencia do Lobal, a conexão com os valores da comunidade próxima, fazem com que o varejo de vizinhança ganhe enorme importância nesse contexto.
Leia mais: Lobalização x globalização: como as empresas devem agir?
Mas o que os consumidores esperam de seu varejo de vizinhança? Experiência? Não exatamente. Os dados mostram que apenas 16% querem isso. Lojas pop ups, de curta duração? Bom, elas são a preferência de 30%. Showrooms de moda e decoração? 33%. Lojas que tenham serviços de entrega ou serviços a domicílio? 35% de preferência. Dark Stores? 50%. Ou seja, o consumidor está pedindo locais de coleta daquilo que compram online, entrepostos, pontos onde possam ter acesso a produtos em 15 ou 20 minutos. 78% manifestaram interesse por boxes onde possam retirar encomendas. Uma loja local de grande marca é preferida por 52% dos consumidores, mas inferior à loja de marca local, da comunidade, preferida por 57%.
Assim, a reconfiguração do varejo passa pela compreensão da tendência Lobal, onde tudo aquilo que evoca proximidade, identidade e vínculo ganha a preferência e a recorrência do cliente. O Estudo Retal Supernova mostrou que 88% dos consumidores querem comprar mais do varejo local, de produtos e serviços locais que tornem o trabalho em casa mais confortável.
Até que ponto veremos se essa tendência vai ganhar força no Brasil é um mistério. A adoção do home office em nosso país foi pequena, atingindo cerca de 20% da força de trabalho, particularmente nas cidades de SP, RJ e Brasília (estudo realizado pelo IBRE/FGV.CARGOS em 2021). A grande maioria da população ativa de nosso país usa transporte público e nem sonha com a possibilidade de trabalhar em home office. Ainda assim, estamos falando de cerca de 16 milhões de trabalhadores que podem ter essa oportunidade 2 ou 3 vezes por semana. Os impactos nas lojas serão sentidos. Aliás, vale registrar que o faturamento do e-commerce em 2021 foi superior ao dos shoppings (estudo da Canuma Capital mostrou que as vendas on-line superaram R$ 260 bilhões contra os R$ 175 bilhões dos shoppings).
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