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Apesar das conquistas das mulheres, busca por equivalência no mercado continua

Apesar das conquistas das mulheres, busca por equivalência no mercado continua

Executivas comentam a importância de reconhecer as lideranças femininas, de seguir adiante - mesmo diante dos desafios – e da relação do trabalho e a maternidade

Atualmente, nos processos seletivos realizados pela INWI Consulting, empresa especializada na seleção de executivos c-level – CEOs, vice-presidentes, diretores e conselheiros – é esperada a apresentação de homens e mulheres. “Tem sido incluído dentro das best practices na avaliação de CEO de grandes companhias a montagem de times que sejam mistos. Antes, se eu passasse o ano inteiro apresentando homens, estava bom. Hoje, faço projetos que eles querem só mulher”, destaca a fundadora e CEO da consultoria, Fatima Zorzato.

Ela observa que, em algumas empresas, se o CEO não tiver um equilíbrio e um percentual de mulher, ele ganha menos bônus. Em outras empresas, pode ocorrer de, quando uma executiva mulher deixar a empresa, o CEO ser questionado sobre o motivo da saída da profissional.

“Inclusive, ele é questionado sobre o que está fazendo em termos de cultura e clima para a retenção das executivas, ou seja, não é só atrair”, destaca Fatima, ao lembrar que antes não havia esse tipo de preocupação.

O despertar aconteceu, mas estímulo continua no futuro

Segundo ela, a presença de mulheres em conselhos ainda é uma luta. “Cresceu muito mais em três anos do que nos últimos 30, mas ainda não é o suficiente para estar em equivalência”, diz, ao atribuir a melhora às ações afirmativas como a do grupo financeiro Goldman Sacks, que afirmou não fazer negócios com empresas que não tiverem mulheres no Conselho.

Durante um tempo, a tendência ainda é de a equivalência ter um esforço externo. “Nos lugares em que a porta já abriu, o movimento de homens e mulheres passa a ser algo natural, já faz parte da busca, e eles acharão estranho voltar a uma proporção diferente. Mas tem um grupo de empresas ou instituições – menos sofisticadas ou mais tradicionais – em que isso acontece”, aponta Fatima, ao exemplificar que a fotografia da reunião da cúpula do governo alemão é inteira de homens, mesmo após ter Angela Merkel como chanceler durante 16 anos.

“Hoje, as mulheres erguem o nariz com um pouco mais de força, mas ainda é preciso mais. De um lado, é necessária a educação das mães dizerem: ‘você pode!’ Isso começa em casa e continua na escola e no trabalho”.

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A importância dos exemplos

Lídia Abdalla, CEO do grupo Sabin, reforça que os exemplos têm um simbolismo muito forte. “O fato de a empresa ter sido fundada por duas mulheres, ter uma presidente mulher, várias diretoras mulheres e muitos cargos de gerências é um exemplo muito forte.”

Historicamente, o grupo Sabin trabalha com uma cultura de desenvolvimento de pessoas, inclusive para cargos de lideranças. Lídia entrou no laboratório em 1999 como trainee, passou pela área técnica e assumiu como CEO em 2014.

“Quando as pessoas são desenvolvidas aqui dentro, assumem uma posição de liderança, muito além do conhecimento técnico, competências e habilidades que precisam para o cargo, elas já conhecem muito da cultura. No processo de desenvolvimento interno, conseguimos manter muito a força da diversidade porque damos as mesmas oportunidades para todos os nossos colaboradores, independentemente de ser homem ou mulher.”

Ser capaz, fazer autoavaliações e ter aliados

Fatima faz mentoria para empreendedores e observa que 95% das mulheres ainda têm características de ter medo, mas mesmo assim elas vão lá resolvem. “Algumas, que são poucas, são mais agressivas e não sentem nada”.

Claudia Woods, CEO da WeWork Latin America, é uma das mulheres que considera sua postura mais agressiva. “Se você nunca trabalhou em uma empresa que teve líder mulher, a sua referência é empresas com líderes homens, e isso passa a ser a referência do que é possível”, reforça Claudia.

Para seguir adiante, a dica da CEO da WeWork é acreditar que é capaz, fazer autoavaliações e ter aliados. “Existe sempre o momento da agressividade, de você estar em uma reunião e não ser ouvida. Existe sempre o ambiente em que você é a única na sala. E, com muita frequência, a nossa reação é tentar mudar o nosso comportamento para que ele fique igual aos demais na sala”.

No ponto da autoavaliação, ela diz ser necessário entender a sua essência e o que faz bem; qual característica é diferente dos demais e se policiar para não abrir mão por estar em ambiente onde talvez você seja a única com essa característica. “Quando saímos da nossa essência, nos perdemos”.

Já busca por aliados é muito importante porque as mulheres se posicionam de forma vulnerável praticamente de forma instintiva. “Por isso, unir a vulnerabilidade com uma busca proposital de aliados, é muito importante. E não necessariamente precisam ser mulheres”, recomenda.

“Uma mulher em posição de liderança serve de inspiração e contribui para que mais mulheres ocupem lugar de destaque no mercado. Nós sonhamos com o que enxergamos, então, precisamos de cada vez mais lideranças mais diversas para que outras pessoas possam se ver em papéis cada vez mais altos”, chama a atenção Paula Paschoal, diretora de Parcerias de Google Pay para América Latina e Europa.

Na posição de liderança, Paula sempre buscou manter uma relação de equilíbrio. “Acho fundamental estar próxima ao time, mas sem um controle excessivo em tarefas do dia a dia, pois entendo que a autonomia também é muito importante para o desempenho das pessoas”.

Trabalho x maternidade não; trabalho + maternidade

Ao longo dos anos, Paula conseguiu desenvolver características importantes para posições de liderança. Hoje, ela se vê como uma líder muito mais empática e humana. “Neste ponto, viver a maternidade foi importante, pois desenvolveu em mim um olhar mais atento ao próximo, incluindo as diferenças de cultura, vivência ou gerações que fazem parte de qualquer equipe. Vejo que esta característica foi um dos motivos pela minha chegada ao Google”.

Faz parte da realidade das mulheres em sempre ter que optar: agora vou casar, engravidar, ou seja, ter que escolher entre uma promoção, ou seja, um crescimento profissional e ter filhos. “Sempre reforçamos a importância do papel da mulher, de sermos protagonistas, e, de fato, donas das nossas carreiras, das nossas vidas e de tomarmos as nossas decisões, sempre junto dos nossos maridos e companheiros, ou mesmo, de tomar decisão do melhor momento de ter filho. Sempre falamos sobre isso. A mulher não precisa escolher entre ter filhos e a carreira. Aqui no Sabin ela pode ter os dois. Aqui ela sabe que se ela optar por ter filhos, ela não vai perder uma promoção”, enfatiza Lídia.

Ela conta que, recentemente, uma coordenadora participou de um processo seletivo no oitavo mês de gestação. Ela era a melhor candidata, passou no processo seletivo e assumiu quando retornou da licença-maternidade. “Isso é, de fato, o exemplo de uma empresa que está valorizando a mulher em tudo o que nós temos de vida, não só profissional, mas pessoal”, acrescenta a CEO do Sabin.

Durante a pandemia, o laboratório desenvolveu cartilhas para ajudar as mulheres a acompanhar os filhos nas aulas on-line. “Sabemos o quanto a pandemia foi muito mais pesada para as mulheres, pois, sim, existe a tripla jornada que é cuidar da casa, dos filhos e do trabalho. Na pandemia, isso foi mais acentuado ainda, com filhos em casa, maridos em home office. Desenvolvemos cartilhas falando de violência doméstica.”

“Somos metade da população do mundo, e mãe da outra metade”

Dani Junco estava preocupada sobre como seguir após o nascimento do filho Lucas. “Queria tomar um café com mulheres que estavam nessa fase da maternidade para eu conseguir conversar com alguém. Vamos tomar um café?”, escrevi no facebook. Vieram 80 mulheres.

Assim, em 2015, nascia a B2Mamy que, no ano seguinte, virou uma aceleradora focada em olhar para mulheres em transição de carreira que querem empreender, principalmente em startups. As 80 mulheres do primeiro encontro se transformaram em 50 mil. Com uma plataforma conectada, hoje a B2Mamy é a maior aceleradora de empresas fundadas por mulheres em estágios iniciais na área de startups.

Na visão de Dani, as mulheres não têm dificuldade de alcançar um posto de c-level por conhecimento ou qualificação, mas sim por causa da estrutura das empresas.

“As mulheres não têm que fazer nada, mas sim os homens que estão no poder. A primeira coisa que precisamos olhar é porque o nosso time é pouco diverso e querer mudar isso. Competência técnica, liderança e estudo nós já temos. O lance é que, quando vamos competir, a maternidade tira a gente do jogo, o machismo tira a gente do jogo, as estruturas tiram a gente do jogo. Não somos nós que precisamos resolver. Nós estamos prontas, mas estamos lutando contra uma estrutura que existe há muito tempo”.

A pandemia e a mulher

A pandemia acentuou a jornada das mulheres, que já era intensa. Na visão de Dani, as empresas ainda não compreendem bem os diversos papéis exercidos pelas mulheres. “Ainda estamos bem distantes do ideal. Os homens estão completamente desconectados de fazer a parte deles nas famílias, independente se estão casados ou não, se são heteros ou não. Ainda precisamos equilibrar milhares de pratos e estamos sobrecarregadas porque os homens não fazem suas partes. Principalmente sem a escola, sobrou para nós”.

Faça parte da rede

Com um crescimento de 300% durante a pandemia, a B2Mamy pretende chegar a uma plataforma de 300 mil mulheres em 2022. “A B2Mamy é um modelo B2B, ou seja, as marcas pagam para estarem com a gente. As mulheres recebem os produtos ou serviços. Temos vários programas abertos. A grande maioria é gratuito, patrocinados pelo mundo corporativo”.

Qualquer mulher que queira gerar renda, pode entrar no site B2Mamy ou acessar o instagram para verificar os programas abertos e também fazer o cadastro na comunidade.

“Somos metade da população do mundo, e mãe da outra metade. E não fazemos a mínima ideia da potência que temos. Descubram logo, entendam o que vocês gostam de fazer, entendam quem está com vocês nessa arena e vão buscar a grana de vocês porque liberdade financeira é tomar a decisão consciente”, diz Dani.

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