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Eletromobilidade: desafios e oportunidades para o Brasil

Eletromobilidade: desafios e oportunidades para o Brasil

A eletromobilidade é um dos temas mais discutidos hoje no mundo; conversamos com Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) sobre este cenário no Brasil

Dando sequência a uma série de entrevistas e reportagens sobre o Dia do Consumidor (15), conversamos com Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e Diretor de Marketing, Sustentabilidade e Novos Negócios da BYD do Brasil sobre o cenário da eletromobilidade no Brasil.

Formado em relações internacional pela USP (Universidade de São Paulo) e mestre em economia política internacional, Adalberto é uma das personalidades mais influentes do país no campo da mobilidade elétrica e energias renováveis.

Para Adalberto, o crescimento das fontes de energia renovável e de geração distribuída (modelo de produção de energia elétrica por meio de pequenas centrais geradoras que utilizam fontes de energia renovável) e o crescimento de veículos elétricos têm ampliado muito as possibilidades dos consumidores terem conhecimento de suas vantagens.

“Os veículos elétricos e a geração distribuída aumentam cada vez mais a digitalização da vida das pessoas e das redes mais inteligentes. Você pode gerar energia e armazenar o excedente no veículo, carregar o veículo à noite, quando temos bastante energia renovável, e usar o veículo para abastecer sua residência, o seu comércio, nos horários de pico. Tudo isso gera oportunidades para que as pessoas e empresas entendam quanto elas consomem de energia, a que horas consomem, qual o horário de pico e como gerar a sua própria energia”, explica Adalberto Maluf.

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Cenário global e Brasil

Sem dúvida, fontes de energias alternativas e renováveis podem gerar uma grande transformação para sociedade e consumidores. A eletromobilidade, por sua vez, projeta uma nova economia, cada vez mais compartilhada e assistida, baseada em fontes de energia mais descentralizadas, digitais e descarbonizadas.

No mundo todo, no ano passado, a venda de veículos elétricos puros (BEV) ou híbridos elétricos plug-in (PHEV) saltou de 4% no ano anterior para mais de 9% das vendas totais do mercado global. A China saiu de 4% para 14%. A Alemanha, de 14% para 26% na venda de elétricos no ano passado.

“Isso demonstra que esse é um processo sem volta a nível mundial, com forte crescimento da logística verde e do transporte público. Mais de um terço dos ônibus, motos e bicicletas vendidas no mundo já são elétricas, o que comprova que a eletromobilidade, a micromobilidade e o transporte público mais qualificado serão o centro do desenvolvimento das economias verdes”, avalia Adalberto Maluf.

Estudos também apontam que até 2030 poderá haver 26 milhões de carros elétricos nos EUA. De olho nesse cenário, a Starbucks fez recentemente uma parceria com a Volvo e a Chargepoint para instalar carregadores EV nos seus estacionamentos ao longo de uma rota de 1.350 milhas (mais de 2 mil KM) de Denver a Seattle. No projeto, a Starbucks irá testar as taxas para carregamento dos veículos e irá decidir se expandirá o serviço a nível nacional.

No Brasil, o cenário de eletromobilidade também mostrou um crescimento importante na venda de veículos híbridos e elétricos nos últimos dois anos. De acordo com a ABVE, ano passado o país teve um salto de 77%, chegando à marca de quase 35 mil veículos híbridos e elétricos vendidos. A maior parte do mercado ainda são os híbridos flex convencionais já fabricados no Brasil. Segundo a ABVE, eles trazem muitas oportunidades de geração de renda e transformação do parque industrial brasileiro.

Porém, quando se fala de veículos elétricos puros (BEV), as vendas brasileiras ainda são muito tímidas. No acumulado de 2012 a 2021, segundo a ABVE, foram de mais de 77 mil veículos híbridos e elétricos comercializados, cerca de 6% somente são de veículos elétricos totalmente a bateria (BEV). Já em 2021 houve um aumento da venda desses modelos (BEV), para 8%, chegando a 14% em janeiro de 2022 e a 12% em fevereiro.

“Isso mostra que, de alguma maneira, o Brasil vem se inserindo nessas grandes transformações globais”, reforça Maluf.

eletromobilidade
Imagem: canva.com

Leia mais: Três lições que aprendi com os líderes da logística brasileira

Setores já beneficiados

Segundo a ABVE, os setores que já se beneficiam da eletromobilidade são muitos no Brasil. Transporte público, logística verde, empresas e frotistas. “Cada vez mais vemos as vendas de veículos elétricos para empresas de aluguel (que alugam para frotistas) e empresas de diversos setores crescerem”, frisa Maluf.

Mas os impeditivos para avanços na adoção de veículos elétricos no país ainda são grandes. Segundo o presidente da ABVE, o país precisa melhorar muito a estrutura de impostos sobre o carro elétrico, tanto no nível federal quanto estadual e municipal. “Apesar de vários avanços recentes, o veículo elétrico, embora sempre tenha muito mais eficiência energética, não polua e seja mais econômico ao longo da vida útil, ainda é, na média, mais tributado do que o similar a combustível fóssil”, explica Maluf.

eletromobilidade
“É essencial o Brasil adotar um plano nacional de eletromobilidade” – Adalberto Maluf, presidente da ABVE.

Para Maluf, a questão essencial é o Brasil adotar um plano nacional de eletromobilidade. “Um conjunto de medidas integradas com estados e municípios para fazer avançar a eletromobilidade no país, dar segurança às empresas e investidores e, acima, de tudo, transmitir confiança ao consumidor do veículo elétrico”, explica o presidente da ABVE que complementa: “essa é a principal prioridade da ABVE”.

Agenda ESG

De acordo com Adalberto Maluf, a agenda ESG avançou muito no Brasil, o que trouxe uma consolidação da eletromobilidade em dois grandes setores no Brasil: logística e transportes (carga e transporte público).
No ano passado, por exemplo, segundo a ABVE, dois dos dez veículos elétricos BEV mais vendidos no Brasil foram comerciais leves, o que mostra a força desse mercado. A venda de caminhões elétricos saiu de 23 unidades emplacadas em 2020 para 293 no ano passado, um aumento de 1.174%.

“Esses números indicam que o Brasil finalmente começa a ampliar a eletromobilidade nesses mercados. Começa a dar visibilidade e destaque para algumas dessas potenciais parcerias de crescimento de diferentes setores industriais. A eletromobilidade é um processo sem volta”, ressalta Maluf.

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Informação: mitos e verdades

Quanto à comunicação e informação do tema na sociedade, Adalberto avalia que houve um aumento exponencial do interesse de toda a mídia nesse tema. Segundo estatísticas da própria ABVE, o número de matérias que citaram diretamente à Associação Brasileira do Veículo Elétrico nos últimos anos saltou de 54 em 2019 para 93 em 2020 e 379 em 2021 (praticamente uma matéria por dia no ano passado).

“Ainda assim, temos a tarefa de esclarecer o consumidor sobre certos mitos. Por exemplo, os riscos de falta de energia para abastecer os veículos, que não existe, pois a maior parte da recarga será sempre noturna usando a energia já disponível”, esclarece.

A questão do descarte das baterias, segundo Adalberto também “é um tema superado”, devido à nova indústria de segunda vida e reciclagem de baterias que já atua no Brasil. Assim como o tema “pegada de carbono”, que segundo o presidente da ABVE “traz uma falsa ideia” de que o veículo elétrico ainda seria, no seu processo produtivo, mais poluente do que o veículo a combustível fóssil.

“Com o avanço da eficiência dos veículos e das baterias, isso não é mais verdade nem mesmo nos países de baixa geração renovável de energia elétrica. No Brasil, então, esse debate é irrelevante. Temos aqui uma matriz de geração de eletricidade mais de 83% renovável, e crescendo, graças às novas usinas eólicas e solares”, ressalta Maluf.

Com todo este cenário e interesse cada vez maior dos consumidores – sobretudo da nova geração – sobre o tema de energias renováveis e eletromobilidade, o Brasil poderá vivenciar muito mais avanços nesse setor.

Cabe aqui um recorte: o Brasil também registrou recorde em bicicletas elétricas comercializadas no país. Em 2021, foram 40.891 unidades de e-bikes, entre produção e importação, representando um volume 27,3% superior ao ano anterior, que já havia sido o mais alto até então (dados da Aliança Bike, Associação Brasileira do Setor de Bicicletas).

Voltando às iniciativas da ABVE, a entidade ainda informa que em breve será publicado um conjunto de estudos produzidos por especialistas qualificados das principais universidades brasileiras visando colaborar com o processo de informação sobre eletromobilidade no Brasil. “Este é o papel da ABVE, esclarecer o consumidor com informações sérias e confiáveis sobre a eletromobilidade”, conclui Adalberto Maluf.

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