A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) decidiu atacar as inoportunas ligações automáticas, as chamadas robocalls.
Foi publicada nesta segunda-feira (6) uma medida cautelar que estabelece, entre outras coisas, a suspensão dos serviços das empresas que fizerem mais de 100 mil chamadas por dia com duração inferior a 3 segundos. Os responsáveis pelas ligações, sejam empresas de telemarketing ou as companhias que atuam diretamente com o consumidor, poderão receber multa de até R$ 50 milhões. E esse valor será para cada CNPJ.
A medida ainda determina que as operadoras de telecomunicações enviem e até 10 dias (a contar dessa segunda-feira) uma lista de usuários (ou números) que geraram, nos últimos 30 dias, mais de 100 mil chamadas em um único dia, com duração de até 3 segundos.
Ou seja, a prática de robocall não será realmente proibida, mas limitada ao teto de 100 mil ligações por dia. Além disso, os números informados pelas operadoras serão proibidos de realizarem tal prática, caso contrário a empresa será multada.
Mas você já se perguntou por que isso acontece?
Por que as ligações caem?
Empresas utilizam um software que faz dezenas de ligações ao mesmo tempo – algo que vai além de 20 ligações de uma única vez.
No entanto, a ideia não é que um robô fale com um consumidor. O objetivo do robocall é verificar se alguém atendeu a ligação ou verificar se “você é você mesmo”.
Se sim, ela será repassada a um atendente humano, que vai assumir a ligação e passará a oferecer algum produto, cobrar uma dívida, entre outros motivos.
No entanto, esse processo tem uma falha e é justamente isso que resulta no grande volume de ligações que caem.
O número de atendentes nem sempre é suficiente para o volume de ligações atendidas obtidas por meio de robocalls. Ou seja, a ligação está muda porque nenhum agente de telemarketing conseguiu atender a linha do outro lado dentro de um determinado tempo. Então, ela cai porque não houve atendimento.
E por que as empresas fazem isso? Basicamente é uma estratégia para aumentar a efetividade de ligações atendidas ao longo de um dia.
Ligação que não acaba mais
Ao que tudo indica, a eficiência nas ligações atendidas virou um sucesso entre as empresas, principalmente porque a quantidade de robocalls não para de crescer no mundo todo.
O Brasil é o segundo país do mundo em volume de robocalls. De acordo com a Anatel, uma única empresa estaria originando mais de 1 milhão de chamadas por dia.
Nos EUA, o maior país do mundo em quantidade de ligações indesejadas, a expectativa é que o volume de ligações chegue a 46 bilhões até o fim deste ano. Por conta dessa avalanche de ligações, o governo criou uma regulação chamada Stir/Shaken para combater essa prática.
Outro dado que mostra o avanço dos robocalls é a quantidade de reclamações.
Em 2021, segundo dados da Anatel, foram registradas 25.739 reclamações por ligações indesejadas em 2021. E isso sem contar as reclamações feitas nos órgãos de defesa dos consumidores.
Para as empresas de telecomunicações, os robocalls também se tornaram uma praga que infestaram os cabos de telefone e principalmente os sinais da telefonia móvel. Hoje, 60% do tráfego no País é ocupado por robocalls.
“Assim, com o significativo aumento do uso irregular dos recursos de numeração e dados os seus efeitos nocivos à rede e aos consumidores, bem como a sobrecarga das ligações de robocalls, a Anatel decidiu atuar de forma urgente, buscando remediar a situação e evitar um crescimento ainda maior do problema”, informou.
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