Os millennials estão ficando para trás quando se trata de estar no foco do marketing. A geração Z é o público preferencial de muitas startups que prometem revolucionar a relação com a internet, inclusive as amorosas. A partir de como os jovens consomem conteúdo é que a Snack, app canadense de relacionamento, foi lançado em 2021.
Apesar de mais conhecido nos Estados Unidos e Canadá, o aplicativo une o TikTok com o Tinder. É uma nova forma de primeiros encontros ou “primeiros vídeos”, como a própria empresa descreve na plataforma.
Por meio de vídeos curtos, os usuários se conhecem, podem se dar likes e assim chamar para um encontro virtual. Além de permitir pessoas com até 35 anos, toda a tecnologia foi criada de maneira colaborativa com os zoomers e pautada em um modelo de negócio ao qual incentiva a educação financeira dessa galera, que pode subsidiar a startup comprando ações.
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Como funciona o Snack?
O aplicativo de namoro móvel para IOS combina o algoritmo FYP do TikTok com a rolagem infinita do Tinder, permitindo que os usuários postem vídeos. A descrição do Snack explica o motivo da escolha: “Quer se divertir namorando novamente?
Bem-vindo ao Snack, o aplicativo de namoro gratuito dedicado ao compartilhamento de vídeo (ou video-first); conhecer pessoas reais, mostrando o verdadeiro você”.
As pessoas podem se cadastrar com a conta Apple, do TikTok ou pelo número do celular. Depois, elas precisam selecionar algumas informações e interesses e criar seus perfis publicando vídeos. Pode-se considerar o Snack como inclusivo, já que apresenta opções para identidades de gênero não binárias e seleções de gênero individuais que podem ser atualizadas a qualquer momento. Essa é uma importância para os centennials – como também são conhecidos os membros da geração Z – que formam o grupo menos homofóbico e transfóbico do século XXI.
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O The Gen Z Fashion Report, da UNIdays, empresa global que disponibiliza descontos a universitários, aponta que 65% dos zoomers afirmam que a experiência de compra de roupas on-line seria aperfeiçoada se disponibilizasse a opção “gênero neutro”.
Outro ponto interessante e que difere da maioria dos outros apps de relacionamento é que a idade mínima é 18 e a máxima é 35 anos. É isso mesmo, Snack é para a Geração Z e os millenials mais jovens. Outra diferença é que não há biografia ou informações básicas, como nível de educação, emprego, tendências políticas e altura, expandindo a bolha para além de taxações ultrapassadas.
O engajamento se dá por meio do famoso like nos vídeos, que destrava as mensagens diretas, quando o curtir vem de ambos os lados. No entanto, a reclamação de vários usuários é que o encontro só ocorre se as pessoas convidam amigos para a plataforma. “Eu sinto que deveria ser possível ver quem combinou comigo e poder falar com essas pessoas sem convidar outras. Prefiro assistir um anúncio a ter que distribuir convites”, comenta o usuário Devin Hanlan, na classificação do app na Loja Apple.
Os vídeos possibilitam que os usuários mostrem seus interesses e estilo de vida, além de suas personalidades de uma maneira diferente das fotos estáticas. “Nos despedimos da maneira como seus pais namoraram (fotos enganosas e instruções escritas) e nossos olás para a maneira como a GenZ realmente se conecta e vibra”, explica a descrição do app.
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O algoritmo da plataforma é trabalhado em conjunto com as necessidades dos centennials. Assim, o aplicativo prioriza uma boa experiência digital, evitando o famoso ghosting – o “desaparecimento” proposital da pessoa. A tecnologia detecta e esconde perfis que têm potencial para o sumiço, evitando o desconforto emocional de quem fica e pode, por conta do abandono, desistir do app.
Como o Snack nasceu?
As redes sociais podem trazer bons insights para mentes brilhantes como da canadense Kim Kaplan, consultora de startups de tecnologia e fundadora da Snack. Isso porque a CEO, no final de 2019, acompanhando os feeds viu uma mulher tentando arranjar namorado pelo TikTok. Esse tipo de conteúdo fez com que nascesse uma semente de um potencial negócio.
A canadense já tinha experiência com empresas de apps de relacionamento e por isso começou a pensar em como viabilizar o projeto. O financiamento veio de grupos investidores de marcas destinadas a Geração Z e, a partir de então, criou uma equipe, buscou realizar pesquisas com os jovens e lançou o app em fevereiro de 2021.
Ao invés de contratar uma agência, o app foi construído em crowdsourcing com os zoomers. O nome Snack, inclusive, foi ideia de um casal da geração Z dada durante um dos grupos focais. O logotipo, que é um pretzel em formato de coração, foi criado em uma competição remunerada de design no TikTok.
De acordo com a comunicação do aplicativo no Twitter, em setembro de 2021, o Snack foi o décimo app de relacionamento mais baixado nos Estados Unidos e atingiu 2,5 milhões de minutos de vídeos assistidos no mês de julho do ano passado. Atualmente, a classificação dada pelos usuários na Loja IOS é de 4.1, sendo que 5 é o máximo.
Anjos zoomers
“A Geração Z é incrivelmente disruptiva e inovadora”, diz Kim Kaplan, em entrevista para Business Wire. “Eles não são apenas TikTokers influenciando nosso estilo e vocabulário, são criadores apaixonados que em breve dominarão o mundo das startups e, o mais importante, o Snack, o mundo do namoro. Se queremos construir uma marca de sucesso para a Geração Z, não há melhor maneira de fazer isso do que ter membros da equipe, consultores e investidores da Geração Z fortemente envolvidos desde o início. Essa foi uma das principais razões pelas quais decidi abrir o SAFE (Simple Agreement For Future Equity)”, completa a CEO.
O SAFE é uma das formas de investimento de startup. Nos Estados Unidos, os investidores anjos zoomers estão crescendo, principalmente quando o quesito é dar reforço a empresas iniciantes. Isso porque as normas para ações de empresas privadas são mais rígidas, e mais acessíveis para as startups. A CEO da Snack reservou quinhentos mil dólares em uma rodada para um sindicato da Geração Z. E a aposta deu certo!
Insights para lidar com os jovens
A pandemia acelerou mudanças significativas nas tecnologias e na forma como nos relacionamos. O TikTok, por exemplo, chegou a um bilhão de usuários ativos no mundo. O uso de apps de namoro cresceu em todo o mundo. Se no Brasil, a rede Snack ainda não pegou, é possível tirar alguns insights importantes sobre como as empresas devem pensar os jovens que nasceram entre 1995 e 2010.
Entrar em contato com os zoomers
Eles são nativos digitais e o público majoritário da rede TikTok, que é a que mais cresce no mundo. Os memes agora são trends em vídeos. Conforme dados de 2022 da GWI, empresa de pesquisa em marketing do Reino Unido, o valor mais importante para este grupo jovem é o sucesso (62% dizem isso). Esse tema vem à tona por conta do momento de vida deles, iniciando no mercado de trabalho.
Marcas reais
A pesquisa The influence of Gen Z, da McKinsey com a Box1824, aponta quatro comportamentos essenciais dos centennials: valorizam a expressão individual e evitam rótulos; tomam decisões e se relacionam de uma forma analítica e pragmática; acreditam no diálogo como forma de resolver conflitos e se mobilizam por causas sociais.
Fique de olhos nas métricas
Conforme um estudo da GWI, política e meio ambiente são os assuntos preferidos da geração Z deixando pra trás moda e filmes. Por isso as métricas ambientais, sociais e de governança devem estar em foco.
Ideologia em foco
De acordo com um relatório do Pew Research Center de 2021 sobre como os norte-americanos veem as mudanças climáticas, as gerações Z e Y são mais preocupadas e interagirem com conteúdo de redes sociais sobre o assunto. Entre os usuários, quase sete em dez dos centennials (69%) dizem que se sentiram ansiosos com o futuro na última vez que viram conteúdo sobre como lidar com as mudanças climáticas.
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