A Geração Z aponta os maiores índices de insatisfação no trabalho quando comparados a outras faixas etárias. O estudo “Happiness at Work in 2023” da Cangrade entrevistou 608 pessoas de diferentes gerações para entender suas percepções de felicidade e motivações para o trabalho.
Os resultados apontam que enquanto 26% das pessoas da Geração Z se sentem infelizes em seus empregos atuais, os Baby Boomers – que nasceram entre 1955 e 1964 – apresentam os menores índices de insatisfação. Os profissionais mais felizes no trabalho pertencem à Geração X e à faixa dos Millenials: 76% destes respondentes estão satisfeitos em suas oportunidades. Já 69% dos Baby Boomers se sentem felizes e, entre os respondentes da Geração Z, 59%.
Há inúmeras possíveis razões para essa diferença de contentamento. Cada uma dessas gerações ingressou no mercado de trabalho em condições econômicas, políticas e sociais bastante distintas entre si.
As gerações e o trabalho
Os Baby Boomers nasceram em um mundo pós Segunda Guerra Mundial, com a recuperação da estabilidade política e econômica. Ingressaram no mercado com a crença de que o trabalho duro – independentemente de função ou cargo – seria recompensado. E assim, criaram seus filhos. Priorizam a segurança e a estabilidade no emprego, e costumam ficar mais tempo que as demais gerações em suas posições.
A Geração X compartilha do princípio dos Boomers de que o trabalho duro resultará em retorno financeiro e profissional. Mas diferente de seus antecessores, os profissionais da Geração X conseguem diferenciar o trabalho de suas identidades pessoais. Por isso, valorizam a autonomia e a ideia de traçar suas próprias trajetórias profissionais.
Já os Millenials ingressaram no mercado de trabalho com conhecimentos em uso de tecnologia e com níveis educacionais mais aprofundados que os profissionais da Geração X. Como explica Anne Helen Petersen, autora do livro “Não aguento mais não aguentar mais” – Como os Millenials se tornaram a geração do burnout, os nascidos na década de 1980 e começo de 90 foram ensinados que deveriam amar o trabalho, e começaram a ter todo o seu tempo ocupado com atividades e educação desde a infância.
“Milhões de Millenials, independentemente de classe, foram criados com ideias sublimes, românticas e burguesas sobre o trabalho. Livrar-se dessas ideias significa abraçar outras que nunca desapareceram para muitos funcionários da classe trabalhadora: um bom emprego é um que não o explora e que você não odeie”, diz a autora.
O resultado disso é que os Millenials chegaram ao mercado de trabalho em meio a um cenário de inflação e recessão econômica. Tornaram-se a geração que acabará em uma situação pior de que a de seus pais. São profissionais mais propensos a trocar de emprego, inclusive ao se sentirem insatisfeitos com o local de trabalho.
A Geração Z no trabalho
A Geração Z viu o movimento dos Millenials e suas dificuldades financeiras e profissionais de perto, e adotaram uma postura diferente em relação ao trabalho. A pesquisa da Cangrade aponta que um dos motivos para a insatisfação da Geração Z é o fato de que estes profissionais ainda estão ingressando no mercado de trabalho. Muitos ocupam cargos em nível básico – e assim deverá ser até 2030, segundo a pesquisa “Strategies for Leadership Styles for Multi-Generational Workforce”. Isso pode ser frustrante para indivíduos que nasceram com conhecimentos em tecnologia avançados. A pandemia também deixou sua marca na saúde mental desses jovens. Segundo resultados do Relatório do Estado Mental do Mundo, a Geração Z apresenta índices baixos de bem-estar mental do que indivíduos entre 55 e 64 anos.
Esses jovens, nascidos entre meados dos anos 1990 e 2010, são mais propensos que os Millenials a trocar de emprego. Segundo a pesquisa da Cangrade, 17% dos entrevistados da Geração Z concordaram com a afirmação “Eu penso em pedir demissão do meu emprego” – 10% a mais que as demais gerações. Por serem mais jovens, têm menos a perder se deixarem suas vagas em busca de outras numa mesma posição em outras organizações. Os profissionais da Geração Z são autoconfiantes e valorizam oportunidades de desenvolvimento profissional em seus empregos. Buscam o aprendizado contínuo em suas carreiras, sendo um dos caminhos as mentorias com supervisores e superiores.
Como atrair e reter os talentos da Geração Z?
Para os jovens, a felicidade no trabalho está relacionada ao quanto são capazes de dar o melhor de si em seus empregos. Buscam o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional, utilizando seus talentos e os incrementando nas oportunidades de carreira. Se o local de trabalho não os oferecer essas condições, podem sair sem pestanejar para buscar uma outra vaga que atenderá essas demandas.
A melhor forma de contratar profissionais da Geração Z e retê-los em seus empregos por um longo tempo é atendendo às suas expectativas. Ou seja, oferecendo oportunidades de aprendizado e desenvolvimento profissional – desde o início do trabalho e durante toda a sua experiência na vaga. Para isso, organizações e lideranças podem oferecer programas de mentoria, treinamentos e workshops.
Pode ser óbvio, mas é sempre bom lembrar: é importante reconhecer as características que cada geração valoriza no trabalho. Seja a busca por estabilidade, propósito, autonomia ou desenvolvimento, a chave para um ambiente mais produtivo e harmonioso é a constante revisão de práticas e escuta ativa sobre as demandas da equipe.