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Direto de nova york | caio blinder

Bola de neve CAIO BLINDERJornalista e um dos apresentadores do programa Manhattan Connection da Globo News A força da mãe Natureza e curtos-circuitos dos serviços públicos são testes eletrizantes no desempenho de suas excelências, as autoridades que nos governam. Como clientes ou cidadãos, nós esperamos o melhor atendimento das empresas e do estado. Afinal, estamos pagando, estamos elegendo. Estamos no inverno aqui ao Norte (vem mais neve?) e vocês, leitores, no verão aí ao Sul. Vem mais seca? Mais racionamento? Mais apagão? Mais do menos? Por ora, posso falar da incrível história de janeiro que vivemos em Nova York. Muita gente na metrópole exerceu um dos seus hobbies favoritos: resmungar. Eu não sou fã do prefeito democrata Bill de Blasio, muito esquerdista para o meu gosto. No entanto, eu não vou resmungar contra o seu excesso de zelo na nevasca épica que não aconteceu na cidade (outras áreas do Nnordeste americano foram assoladas com muita intensidade).No bordão em inglês, Bill de Blasio disse better safe than sorry (o menos frequente é melhor prevenir do que remediar das autoridades brasileiras). Foi, é verdade, uma avalanche de pedidos de desculpas dos meteorologistas por terem errado na previsão sobre o snowpocalipse na região. Para o prefeito foi mais na base do sorry há um ano, com apenas um mês no cargo, quando manteve as escolas abertas durante uma nevasca. De Blasio aprendeu a lição. A maior reclamação agora com excesso de zelo envolveu o fechamento do metrô, algo que nunca tinha ocorrido com tempestade de neve nos 110 anos do serviço na cidade. Um detalhe: a decisão foi do governador de Nova York, Andrew Cuomo, pois o metrô integra uma agência metropolitana de transportes.O prefeito e outras autoridades (como governadores de vários Estados) no Nordeste dos EUA fecharam escolas e transportes públicos. Isto nunca tinha acontecido com neve nos 110 anos do serviço de metrô em Nova York. O medo move políticos. No caso da nevasca no Nordeste americano, eles agiram com excesso de zelo. Calcularam que tinham mais a perder com os pecados da omissão, da negligência e da incompetência. Afinal, o moderno prefeito americano nasceu em uma tempestade, a de 1888, quando 400 pessoas morreram. Foi naquele cenário de devastação que os eleitores das vibrantes e vulneráveis cidades americanas ficaram convencidos de que elas só poderiam funcionar se os governos locais assumissem um papel mais amplo e mais proativo. Antes de 1888, a população esperava pouco de seus prefeitos. Eles distribuíam favores (em troca de votos) e participavam de solenidades. Naquela tempestade de 1888, o prefeito de Nova York, Abram Hewitt, tolerou a intempérie no aconchego de sua mansão na Avenida Lexington. Ele divulgou um comunicado quatro dias mais tarde, fazendo um pedido para que proprietários privados limpassem a neve de suas sarjetas e calhas. A tempestade de 1888 alterou as expectativas. A população de qualquer cidade americana exige mais dos serviços de utilidade pública, de sua infraestrutura pública e dos seus servidores públicos. Tempestades hoje são os parâmetros pelos quais os eleitores medem seus prefeitos (crime também, é claro), avaliando sua habilidade para operar a complicada máquina de administração municipal. Para políticos americanos, um desempenho eficiente em tragédias naturais é um trampolim para saltos mais altos, até presidenciais. O caso do governador republicano de Nova Jersey, Chris Christie, é familiar. Ele foi um bulldozer na supertempestade Sandy em 2012. Christie estava com a corda na primeira nevasca de 2015. Mesma coisa com Andrew Cuomo, o governador democrata de Nova York, que pode arriscar um salto presidencial na próxima década. Antes disso, ele não pode ser soterrado por uma nevasca. Melhor receber uma avalanche
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