A criatividade pode ser ensinada e construída como disciplina que se aprende e se utiliza? É possível utilizar a criatividade como método para trazer soluções para problemas diversos? Pouca gente sabe, mas a criatividade foi exaustivamente estudada e enquadrada como método por Genrich Altshuller, um escritor e pesquisador da então União Soviética nos anos 40 do século XX. Altshuller é, talvez, um dos grandes gênios incompreendidos e ignorados da história. Talvez porque seu método foi considerado subversivo por Stálin. ele foi “convidado” a viver anos na Sibéria. Mas sua obra é um marco na compreensão e na aplicação de princípios lógicos para resolução de problemas de forma inventiva e inusitada.
Tomás Studenik, líder da Insane Ideas, fez uma apresentação no Consumidor Moderno Experience Summit, e compartilhou os ensinamentos de Altshuller. A tese central de Tomás é a mesma do cientista soviético: utilizar métodos para criar soluções criativas para problemas diversos. Altshuller estudou milhares de patentes e classificou as “invenções” em grupos, identificando padrões que fossem recorrentes a qualquer tipo de problema. Essa classificação gerou uma ferramenta denominada “Triz” ou “Método de resolução inventiva de problemas”.
Segundo Tomás, há duas balas de prata excepcionais para ajudar organizações a criar inovação relevante, segundo os princípios de Altshuller: deletar e dividir. A triz original concebida pelo soviético continha heurísticas – padrões – para resolução de problemas em todas as ciências e campos de conhecimento, na forma de 40 princípios inventivos. Deletar e dividir, assim como recombinar, rearranjar, e outras “técnicas” (princípios) compõem então um verdadeiro algoritmo para a criatividade aplicada. Estendendo a aplicação para negócios, temos então o uso da Triz para inovar sistematicamente.
A apresentação de Tomás trouxe exemplo de como é possível utilizar os princípios “deletar” e “dividir” para inovar. O Cirque du Soleil eliminou (“deletou”) os animais da equação do circo, para dar mais espaço aos acrobatas e às coreografias. A Toyota “dividiu” sua operação de carros de luxo na Lexus, a Netflix “deletou” a mídia física de seu negócio de transmissão de conteúdo – e fez do streaming o modelo por excelência de transmissão de entretenimento anytime, anywhere.
Ambos os princípios – “deletar” e “dividir” – são muito difíceis de serem utilizados nas empresas de maneira geral. Isso por que a mentalidade em torno das operações sempre se volta à acumulação e à coleção: mais produtos, mais features, mais modos de pagamento, mais receita, mais áreas operacionais, mais tecnologias, mais sistemas. Com o tempo, organizações vergam sob o peso do seu legado e confundem o que é essencial do que é simplesmente camada de complexidade.
Criatividade é um exercício constante de revisão da proposta de valor e das condições operacionais que impulsionam o sucesso da sua empresa. O uso dos métodos criativos não deve ser apenas um exercício de geração de novos produtos, mas antes de tudo, de reflexão sobre o potencial e o estágio atual do negócio diante da concorrência, da evolução do consumidor, do surgimento de disrupções e de novos padrões tecnológicos.
Finalmente, é perfeitamente possível que cada empresa desenvolva seu próprio método de geração de soluções – a leitura da obra “Innovatrix”de Clemente Nóbrega”, é bastante indicada. Empresas normalmente costumam ter uma abordagem reativa e estressante para resolver problemas. Com uma abordagem sistemática, a geração de soluções incorpora-se à rotina do dia a dia e torna a empresa mais produtiva, inteligente e eficiente.
Na última linha, o consumidor agradece.
A criatividade sistematizada e pronta para uso
Tomás Studernick, líder da Insane Ideas e criador da Fuckup Nights, traz ao Consumidor Moderno Experience Summit o genial método de solução inventiva de problemas de Genrich Altshuller
- Jacques Meir
- 4 min leitura
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