É praticamente impossível, nos dias de hoje, desassociar inteligência corporativa de uma coleta robusta e refinada de dados digitais. Em maior ou menor proporção, todas as empresas se orientam através dessas informações, e a tendência é que, ao longo do tempo, a tomada de decisão seja cada vez mais tomada com base nessas métricas.
O painel Quem é o dono dos dados?, do Seminário Power Analytics, do Grupo Padrão, discutiu a necessidade analisar de forma refinada as informações digitais dos consumidores para obter sucesso. A conversa foi conduzida por Ana Weiss, Head de Conteúdo do Grupo Padrão, e contou com a participação de Victor Seca Head de Marketing – CLM & Data da OLX Brasil.
Governança de dados
Com um enorme volume de informações, o refinamento desses dados acaba sendo um desafio para as empresas. Segundo Victor Seca, Head de Marketing – CLM & Data da OLX Brasil, é preciso ter uma governança desses dados, que seja responsável pela acuracidade e modelagem dessas informações.
“A escolha do que você modela e não modela é bastante importante para que você consiga ter dados acionáveis no final das contas. Os dados não nos contam uma história sozinhos, é preciso criar uma hipótese, e aí você precisa entender o ambiente digital, a jornada do usuário, entender as alavancas. Então precisa ter uma governança que as áreas estejam em acordo sobre como mensurar mede cada um dos KPIs (Key Performance Indicator) do negócio”.
De acordo com Victor Seca, a OLX sempre viu muito valor nas informações do usuário, mas as metodologias foram se adequando de acordo com as demandas do tempo. Um exemplo disso é a implementação de pessoas que lidam com dados nas demais áreas da empresa.
“No início, as áreas tinham menos autonomia em relação a dados, existia uma área que centralizava toda a parte de inteligência – e isso é normal na grande maioria das empresas – e eu entrei na OLX como uma pessoa de dados dentro de uma área que até então era cliente de dados, dentro de uma área de marketing. Deu muito certo de lá para cá e isso foi se tornando cada vez mais recorrente na empresa”
Pandemia: mudança de rotas?
Segundo Victor Seca, a chegada da pandemia naturalmente trouxe a necessidade de analisar novos comportamentos dos consumidores. Pensando nas consequências econômicas da crise, a empresa buscou uma postura com foco em ajudar o cliente.
“Vimos uma alta na demanda, mas não necessariamente uma alta nas ofertas. E, sabendo que a OLX é uma ótima ferramenta para conseguir o sustento, começamos a ressaltar isso para os usuários. Exemplo: ‘Na sua região, está tendo uma alta procura por celulares. Então talvez fosse uma boa oportunidade para você que teve um celular e está precisando de um dinheiro, desapegar desse celular e conseguir um dinheirinho para conseguir o sustento'”, explica.
Durante o período, a empresa adotou também OLX Pay, uma solução para o intermédio do pagamento entre o consumidor e o vendedor, com uma opção também de entrega.
“Uma boa alternativa principalmente para as pessoas que estão receosas e não querem se encontrar. Dessa forma, conseguem efetuar a venda com uma determinada segurança com a entrega por correios, sem precisar do encontro cara a cara”, continua.
Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)
A Lei Geral de Proteção de Dados entrou em vigor no último dia 18, depois de quase 10 anos de discussões entre Congresso Nacional e sociedade. A nova lei fez com que muitas empresas corressem contra o tempo para entrar nas exigências da Lei nº 13.709/2018.
De acordo com o Head de Marketing, não foi uma grande questão para a OLX, que já vinha se preparando há um bom tempo. “Desde o ano passado nós temos uma consultoria para trabalhar junto a todas as áreas que trabalham com dados, fazendo com que as áreas se aprofundem e entendam mais o que precisa mudar. Esse mapeamento foi crucial.”
Sobre o fato da lei supostamente limitar os testes da empresa no que diz respeito a novas formas de coleta de dados, o Seca afirma não preocupar a empresa.
“Não acho que limitam os testes, mais requer mais cuidados e pedidos de consentimento, a gente nunca faria algo que não fosse de consentimento do usuário, mas, agora, com a LGPD, precisamos deixar mais claro que o cliente tem o poder da escolha”, completa.
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