Ataques cibernéticos são um problema bastante sério para as empresas, visto que podem causar reparos caríssimos e comprometer a segurança de funcionários, consumidores e mesmo da própria companhia. E, com o avanço da tecnologia, cada vez mais esses ataques causam prejuízo: 57% das empresas brasileiras são alvos de fraudes e ataques digitais com alta ou média frequência, de acordo com estudo da Mastercard, feito em parceria com o Instituto de Pesquisa Datafolha. É algo que se resolve, em partes, com o investimento na cibersegurança.
Intitulada como “Barômetro da Segurança Digital“, a pesquisa conta com setores da Educação, Financeiro e Seguros, Tecnologia e Telecom, Saúde e Varejo. Como resultado, reconheceu que embora haja uma grande porcentagem de empresas que são alvos, apenas uma minoria possui uma área própria de cibersegurança: 32%.
“Investir em cibersegurança é importante para trazer confiança para gestão dos negócios e credibilidade diante de clientes e parceiros. Hoje, mais do que nunca, os consumidores desejam interações simples, rápidas e seguras com quem se relacionam online. Por isso, cabe às organizações endereçarem este ponto internamente”, destaca Estanislau Bassols, gerente geral da Mastercard no Brasil.
Uma visão incompleta para a cibersegurança
Ainda que uma pequena parte tenha, de fato, uma área dentro da empresa destinada à cibersegurança, a grande maioria (80%) das empresas de todos os setores acredita que a segurança em meio digital é importante. O que chama a atenção é a prioridade orçamentária: 39% dessas empresas destaca que a cibersegurança não é uma prioridade no orçamento.
Outro destaque interessante apontado pela pesquisa é que a maioria das empresas afirma ter um plano de resposta a um possível ataque cibernético, mas apenas um terço delas fez, de fato, algum teste preventivo nos últimos três meses antecedentes à pesquisa.
Quanto ao investimento em uma área destinada à cibersegurança, os setores que mais investem são o de Tecnologias e Telecom (54%), seguidos por Financeiro e Seguros (42%), Varejo (30%), Educação (29%) e Saúde (23%).
“Na pandemia, as tendências de digitalização se aceleraram. Algo que estudamos com a Barone’s Institute é que a quantidade de esquemas novos de fraude criados por dia é na ordem de 100. E estamos falando de esquemas de fraudes, não as fraudes propriamente ditas. É algo que cresce de forma exponencial”, destaca Estanislau.
O estudo também destacou quem são os profissionais envolvidos na cibersegurança das empresas: 78% delas contam com um profissional de TI para essa prevenção, tendo em vista que os setores com maior empenho na contratação de profissionais da área são o Financeiro e Seguros e Tecnologias e Telecom. Como mostra o gráfico a seguir:
Setores com maior incidência de fraudes
A pesquisa analisou quais são os setores que mais sofrem com ataques cibernéticos e dividiu a intensidade em cinco categorias: “alta frequência”, “média frequência”, “baixa frequência”, “não são alvos” e “não sabe”. Assim, os resultados mostram que as duas áreas que mais sofrem com ataques são a de Financeiro e Seguros, assim como Tecnologias e Telecom — ambos os setores que também investem mais em uma área exclusiva para cibersegurança, assim como em profissionais de TI.
Já o setor de Saúde — que entre os setores pesquisados é o que menos investe em uma área dedicada — sofre uma porcentagem importante de ataques com alta frequência (28%), seguido pelo Varejo (23%) e Educação (11%).
O estudo também destaca que apenas 21% das empresas têm a cibersegurança como prioridade máxima em seus orçamentos.
As maiores dificuldades
Segundo a pesquisa, a maior dificuldade gira em torno da conscientização dos profissionais sobre o assunto. Além disso, há um desafio em encontrar profissionais da área que sejam qualificados para a gestão de um sistema de segurança.
“Uma das maiores preocupações que as empresas enxergam na cibersegurança é a dificuldade de encontrar profissionais qualificados. Essa pesquisa foi feita em um ponto do tempo no qual a pandemia não tinha tanto efeito e nota-se que essa já era uma preocupação”, explica Estanislau.
Nos setores de Tecnologias e Telecom (59%), bem como no Varejo (44%), essa dificuldade aparece como uma das principais. E esse é um retrato fidedigno do mercado de tecnologia no Brasil, visto que o país tem um gargalo de profissionais da área.
Outro dificultador apontado pelas empresas é a dificuldade de encontrar parceiros para treinamento de segurança digital voltado a todos os níveis de negócio da empresa, problema encontrado com maior frequência no setor de Tecnologia e Telelecom (45%) e Saúde (39%).
Como fica o consumidor com tudo isso?
A pesquisa da Mastercard também analisou o comportamento do consumidor em relação à cibersegurança e chegou à conclusão de que as redes sociais são consideradas as instituições menos confiáveis aos usuários, enquanto hospitais, clínicas de exames médicos, escolas e faculdades são as mais confiáveis a eles.
Ou seja, ainda que os setores de Saúde e Educação sejam os que menos investem em cibersegurança, eles ainda são vistos como mais confiáveis.
“A gente está vivendo um momento importante de digitalização, o que significa que todos nós, pessoas, usuários, clientes, queremos ter — ao mesmo tempo —, um melhor user experience (UX), mas nenhum de nós quer abrir mão de segurança. O objetivo é focar nessa segunda parte”, complementa Estanislau.
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