Fechando o primeiro dia do CONAREC 2023, líderes de empresas referência no mercado brasileiro se encontraram para debater as habilidades e competências necessárias para liderar em direção à excelência e ao crescimento sustentável em meio as constantes mudanças tecnológicas.

A discussão, mediada por René Parente, Managing Director da Accenture, foi centrada no entendimento de como a tecnologia, aliada a experiência humana estão redesenhando estratégias e impulsionado o crescimento das empresas e se adaptarem às demandas de um mundo mais digital. Lívia Chanes, Country Manager da Nubank Brasil, destacou que um dos desafios é “como aplicar princípios de negócios numa escala muito maior e diversificada hoje”.

Para Andre Felicissimo, Presidente da P&G Brasil, além dessa competência “é preciso entender o que move a empresa agora”. “Para a P&G, o desejo de se reinventar é um grande motivador”, frisa. No entanto, o executivo explica que esse desejo esbarra hoje no desafio de “alfabetizar” a tecnologia para todos e, aliado a outra característica, a curiosidade, é que uma liderança deve agora “perseguir essa habilidade com o olhar para a tecnologia como auxiliadora”.

Fernando Boscolo, CEO da Privalia, uma plataforma que agrega mais de mil marcas online há mais de 15 anos no Brasil, entende que um dos desafios para o líder sempre foi a velocidade imposta por modelos de consumo – hoje, impactados pelo digital. “Hoje a tecnologia te coloca diante de muitos desafios, transparência, consistência etc. A velocidade com que isso se propaga é enorme. Então, cada ação de um líder hoje é avaliada por um público muito amplo e em em tempo real. Conduzir negócios diante dessa perspectiva é ao mesmo tempo instigante, mas cheio de desafios também”, diz Boscolo, que completa evidenciando qualidades fundamentais para uma liderança de sucesso nos dias atuais: “Consistência e humildade, qualidades fundamentais para a liderança moderna”, frisa.

Para André Loureiro, Managing Director, Latin America do Pinterest, uma plataforma de descobertas e referências, que auxiliam e inspiram consumidores em diversos segmentos, a liderança deve abraçar as inovações com cuidado e com um olhar humano, para que haja muito mais harmonia. “Mais que uma plataforma inspiracional, queremos que as pessoas tenham mais vida fora da internet”, pontua Loureiro que sobre essa qualidade em compreender como as tecnologias podem ser complementares e inspiracionais também. Ainda sobre os desafios ele elenca a velocidade de mudanças como um ponto sensível para as lideranças. “Além disso, a construção de clareza e de cultura numa empresa é fundamental diante desses desafios. Com clareza e cultura você consegue construir a companhia esperada dentro desse entendimento sobre velocidade do digital”, completa.

Lívia Chanes, Country Manager da Nubank Brasil entende que nesse cenário a habilidade de escalar seu público por meio de uma descentralização e equilíbrio – que não é simples de se encontrar, mas necessário – desafiam CEOs de todos os segmentos. “É preciso entender que hoje as pessoas querem ser protagonistas nessa evolução que estamos vivenciando a cada dia. A liderança que entende essa característica e constrói um time capacitado a conduzir as melhorias esperadas certamente está fomentando essa cultura protagonista e de resultados”, pontua Lívia.

Compartilhar experiências, desafios e perspectivas sobre a importância da gestão baseada em dados, do gerenciamento de risco e da inteligência emocional na liderança também foram alguns dos destaques desse debate. O executivo do Pinterest, André Loureiro, salienta, por exemplo, o cuidado da plataforma com os resultados da busca. “Hoje nossos algoritmos estão prontos para endereçar a pesquisa de corpos e cores sob uma ótica muita mais inclusiva e diversificada, promovendo o bem-estar das pessoas”, pontua. Para Loureiro, esse é um dos grandes desafios da liderança do século XXI, “falar cada vez mais globalmente e de forma personalizada”.

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Digitalização em ascensão

Hoje, sem dúvida, construir uma marca cada vez mais representativa e menos rotulada, requer muita cultura e responsabilidade. A automatização e experiência digital, estão impulsionando todo um mundo de novas habilidades para as lideranças e ao momento nos lança uma questão: para onde estamos indo nas relações entre consumidor e empresas no digital?

Essa questão para Lívia, do Nubank, pode ser respondida pelo apelo cada vez maior da IAs generativas como a melhor saída na construção de estratégias de sucesso em Customer Experience. No entanto, a executiva alerta que é preciso estar atenta a outra tendência nessa relação: a digitalização do dinheiro. “Existe um potencial de ressignificar o dinheiro e torná-lo mais ágil. Recriar o entendimento e uso do crédito. Tudo isso terá um impacto profundo na sociedade e nas relações entre empresas e clientes”, diz Livia.

Na P&G, esse entendimento e especulação sobre futuro e digitalização, vem cada vez mais associado a uma personalização maior. “Hoje, com as tecnologias podemos humanizar e individualizar nossos consumidores. Tudo porque a tecnologia nos dá de maneira muito mais rápida o conhecimento do cliente e de suas preferências”, diz Felicissimo.

CONAREC 2023
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O valor de correr riscos como ponto central da inovação

Mas de nada vale a tecnologia como ferramenta para inovação se essa não coexistir com o caráter arrojado de quem dela faz uso. Esse é um ponto defendido por Boscolo, da Privalia. Nesse exercício futurista sobre o que impacta as lideranças, Boscolo observa que toda inovação precede de coragem. “A inovação nasce de um esforço de coragem, mas muitas vezes a capacidade de conectar os pontos que não sejam tão óbvios e o que vai fazer as coisas serem proporcionalmente melhor, a inovação não pode somente se basear nos dados”, diz Boscolo.

“Quando o Google eliminar os cookies de terceiros, a profundidade em alimentar esse conhecimento sobre seu cliente e sua coragem em criar um novo entendimento com os dados que você construiu ao longo do tempo, isso então criará uma nova agenda para as marcas sobre experiência do cliente”, complementa André Loureiro, do Pinterest.

Ao final, o debate sobre inovação e o papel das lideranças no CONAREC 2023, laçou luzes sobre temas já endossados pela maioria dos CEOS, mas que requer muito mais atenção para serem cada vez mais colocados em pauta e como parte do core business da companhia. Errar e arriscar ainda são questões que acompanharão toda e qualquer evolução da sociedade, e dos negócios.

Se hoje temos muito dados e todas as empresas querem esses dados para não errar, por outro lado, é preciso que haja líderes dispostos a correr riscos – do contrário como validar os erros? Ir além dos dados e explorar outras formas de compreender como uma marca, produto ou serviço afeta seu público é um exercício cada vez mais pragmático e exigido das lideranças em tempos de digitalização excessiva. Desenvolver uma capacidade de ambidestria, é agora permitir que as lideranças também provoquem mais e inovem mais . Um salto para novas experiências.

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