Promover ações de sustentabilidade é algo que promete mudar as relações das empresas com o mundo hoje e no futuro. Mais do que discursos, clientes esperam por mudanças que aconteçam de fato e que contribuam com o meio ambiente de forma concreta. Em troca, passam a confiar mais nas marcas, consumindo mais e criando uma percepção positiva. Consequentemente, o valor desse negócio também cresce para o mercado financeiro, potencializando seu trabalho.
Mas, pensar essas ações e colocá-las em prática pode ser um grande desafio. Afinal, é preciso saber onde exatamente agir, com qual contundência e ainda medir os resultados da ação. A tecnologia tem se mostrado uma grande aliada das empresas, também nesse sentido.
Ações de sustentabilidade: um valor cada vez mais alto
“O consumidor, como ser humano, está sempre mudando, aprendendo, ampliando a sua consciência. E como fruto desse processo de constante evolução, recentemente a sociedade como um todo voltou a sua atenção para o meio ambiente”, afirma Fabiana Tchalian, co-fundadora da Água na Caixa.
A empresa vende, como o nome sugere, água em caixinhas (mais ou menos como as de leite), que são reutilizáveis, 82% renováveis e 100% recicláveis. A ideia de desenvolver uma embalagem feita basicamente de plantas só foi possível graças às tecnologias disponíveis. Tudo começou com a percepção do aumento desses consumidores preocupados com o meio ambiente – e esse grupo de pessoas só tende a crescer, abrindo espaço no mercado.
“Uma vez o consumidor demonstrando essa preocupação e necessidade, automaticamente as empresas procuram uma forma de entregar a solução, em forma de produto ou serviço”, afirma a empreendedora da Água na Caixa.
Atender esse público é algo cada vez mais essencial para as empresas, que podem não apenas ganhar dinheiro com isso, mas melhorar a imagem da sua marca e a percepção pública sobre ela. O que faz com que o negócio ganhe valor também no mercado.
“Muitos nos questionam sobre a venda, dizendo que se incentivamos a reutilização, iremos vender menos. E dizemos que se para fazer o certo, tendo que vender menos, faremos isso. E assim estamos ganhando a confiança do consumidor, o que vale infinitamente mais do que o produto vendido isoladamente”, explica Fabiana Tchalian.
A co-fundadora da Água na Caixa ainda acrescenta: “Bill Gates disse que ‘se o seu negócio não está na internet, vai desaparecer’. Nós dizemos que se sua empresa não entrega um serviço ou um produto sustentável, então o seu negócio vai desaparecer. Não sabemos se daqui dois, dez ou 50 anos, mas irá desaparecer. Uma hora a sua solução será vista somente como um problema e perderá seu valor e utilidade”.
Tecnologia como caminho para a sustentabilidade
A cobrança por ações sustentáveis vem ganhando força no mercado ao mesmo tempo que as tecnologias. Na verdade, ambas andam juntas, já que as inovações tecnológicas surgem exatamente quando se percebe uma nova necessidade, seja no trabalho das empresas, seja para o consumidor.
De acordo com a co-fundadora da Água na Caixa, “observar o consumidor é sempre a melhor forma de identificar oportunidades em todos os sentidos, inclusive na tecnologia”.
Como exemplo, ela explica que consumidores preocupados com sua “pegada de carbono” (o impacto que provoca no meio ambiente), reciclagem, entre outros aspectos, nem sempre têm a possibilidade de saber o que, de fato, acontece com o que consome. “São claras oportunidades em que a tecnologia pode oferecer informações cada vez mais valorizadas pelo consumidor”, afirma.
Tecnologias como inteligência artificial, automação, Internet das Coisas, blockchain, entre outras, são algumas das que prometem mudar o mundo que se conhece hoje.
Entre os benefícios de utilizar essas tecnologias, considerando a sustentabilidade, estão:
- Inovação na produção;
- Logística menos poluente;
- Produção mais assertiva, com menos descarte;
- Avaliação precisa sobre poluição e outros índices;
- Maior controle da pegada de carbono;
- Uso de dados para análise e tomada de decisão;
- Pessoas focadas em tarefas humanas, mais preocupadas com meio ambiente;
- Auxílio aos consumidores, para que poluam menos.
No caso da Água na Caixa, a ideia por si só, já é inovadora: em vez de uma garrafa de plástico, material que leva cerca de 500 anos para se decompor, a caixa pode ser reutilizada sem danos para a saúde e, quando descartada corretamente, pode ser totalmente reciclada.
Caso o descarte seja feito da maneira errada, mesmo assim há um ponto positivo: por ser feita com materiais naturais, se decompõe mais rápido e com menos impacto na natureza. Essa é uma maneira diferente de pensar o consumo, que vai ao encontro com os desejos do consumidor.
“Aqui nós utilizamos a tecnologia, principalmente, para informar ao consumidor o lugar mais próximo onde ele pode descartar as caixinhas (caso opte por não reutilizar) para garantir que elas serão corretamente recicladas”, explica Fabiana Tchalian.
Além disso, a co-fundadora também explica a importância das análises de dados atualmente para todos os mercados. “Isso faz parte da fase que estamos vivendo, o início de um novo período onde todos estão sedentos para entender, aprender e, principalmente, julgar o trabalho que está sendo feito pelas empresas”, explica. Para isso, a tecnologia também é uma aliada.
Exemplos do mercado
A Água na Caixa é um dos exemplos de empresas que utilizam das inovações e tecnologias para contribuir com o meio ambiente. Cada tipo de negócio pode pensar em soluções adequadas com seu mercado, levando em consideração a produção, logística, entre outros pontos.
Outro exemplo do uso das tecnologias em ações de sustentabilidade é o Mercado Livre, que criou o programa “Regenera América”, visando ajudar na reconstrução de biomas naturais no continente – e começando pelo Brasil. O investimento realizado no programa é calculado através de dados da empresa que monitoram qual a pegada de carbono deixada no ano anterior. Além disso, há uma parceria com uma startup especializada em dados para monitorar o tamanho do impacto positivo que a ação está tendo na região trabalhada e direcionar novas estratégias.
Quando se trata de logística, muitas empresas estão adotando transportes elétricos para uma entrega mais sustentável. O caso mais recente é o da B2W, dona das marcas Americanas, Submarino, Shoptime e Sou Barato, que iniciou entregas com tuc-tucs elétricos. Os veículos foram desenvolvidos pela própria companhia a partir de uma parceria com a Cicloway e devem evitar emissões de 36 toneladas de CO2 ao ano.
Agora, pensar no meio ambiente e na tecnologia deixou de ser opcional – são elementos essenciais de qualquer negócio que queira sobreviver.
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