Diversidade nas empresas também representa diversificação de públicos. Junto com potenciais negócios surgem novos consumidores, e junto com a diversificação dentro das empresas, oportunidades de novas perspectivas e novos mercados. Esse é o desafio do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), que através de capacitação e mediação, busca levar mais mulheres para o mercado de trabalho e o empreendedorismo.
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O cerne do Instituto Rede Mulher Empreendedora é geração de renda, para que as mulheres alcancem independência financeira, através do empreendedorismo ou da empregabilidade. A organização sem fins lucrativos tem foco em causas sociais, políticas públicas e mulheres em situação de vulnerabilidade social. Para isso, estabelecem pontes com empresas para desenvolver mecanismos para facilitar essa integração feminina.
Ana Fontes, fundadora do IRME, debaterá as responsabilidades da inclusão e do aumento da diversidade dentro das empresas, do colaborador até o cliente, em um painel na 20ª edição do Conarec, que será realizado em setembro.
Para diversificar é preciso querer
Para a empreendedora social, para conseguir diversidade a primeira premissa é ter intencionalidade nas várias etapas do empreendimento.
Isso inclui buscar fornecedores, contratar funcionários e dialogar com públicos que representem a maior diversidade possível. “Primeiro é preciso pensar em formas de acolher as pessoas dentro da organização. Quando falo de representatividade da sociedade, hoje o Brasil é majoritariamente composto por mulheres e pessoas negras. E se você não tiver essa representação na empresa nos mais diversos papeis, você com certeza não será uma empresa diversa.”
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Diversidade não se trata só de uma questão de justiça social. Ana avalia que quanto mais diversidade, mais inovadora é empresa. E isso também se reflete economicamente, ao falar com minorias que numericamente representam a maior parte da população brasileira.
Trabalho para quebrar barreiras culturais
O entendimento de que negócios liderados por homens e mulheres são diferentes é o primeiro desafio, mas é importante deixar claro que não existem “negócios de homens” e “negócios de mulheres”.
Há 12 anos, a fundação Rede Mulher Empreendedora trabalha para deixar claro que não existe área territorial para homens e mulheres. Apesar disso, Ana reconhece que elas ainda são minorias em algumas áreas, como tecnologia, mercado financeiro, na indústria.
“A barreira hoje é muito mais de oportunidade, de condições para que as mulheres acessem esses ambientes”, enfatiza Ana Fontes.
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Uma percepção que já foi superada pela Rede ao longo dos anos é a de que negócios liderados por mulheres ficam pequenos. “Isso não é a realidade, hoje a gente vê inúmeros casos de mulheres que construíram negócios relevantes e impactantes e isso faz uma diferença enorme”.
Outra questão essencial para o aumento dessa diversidade é o equilíbrio do trabalho doméstico. O cuidado com a família e filhos, a chamada economia do cuidado, ainda é majoritariamente feminino. E sobre isso Ana é enfática: “enquanto não houver reconhecimento desse trabalho, a divisão desse trabalho, uma valorização financeira, isso continuará a ser uma barreira para as mulheres”.
Acesso ao dinheiro
A primeira barreira para uma mulher empreender é o acesso ao capital. As mulheres têm menos acesso aos recursos financeiros do que os homens. “Toda forma de dinheiro, investimento-anjo, crédito, fundos de investimento. São questões culturais e estruturais para elas terem menos acesso, educação financeira”, reflete Ana.
Para a empreendedora, o mercado financeiro ainda não enxerga claramente negócios liderados por mulheres. Para aumentar esse awareness, a Rede Mulher Empreendedora tem um programa que seleciona, qualifica, capacita e certifica mulheres para venderem produtos e serviços para grandes empresas.
Diversidade se reflete na sociedade
Um dos esforços da IRME é mostrar para seus clientes como a geração de renda feminina se reflete também em sua comunidade. “Quando uma mulher dá certo financeiramente, ela consegue sair de uma situação de violência, investe na educação dos filhos, no bem-estar da família, e essa mulher gera impacto no entorno que ela está”, destaca Ana.
Esse círculo virtuoso começa na independência financeira da mulher, que investe em sua comunidade, em um movimento que se retroalimenta. Segundo Ana, um dos principais diferenciais está na percepção do público-alvo, dos clientes das mulheres capacitadas. “Elas tratam seus públicos de interesse como uma família estendida, pois acreditam no poder colaborativo para melhorar o mundo”, explica.
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